Missão China - 4/20

20:55 Juh 0 Comments




#Bar Irish Son, zona portuária#

Harry e Pansy entraram no Irish Son, ponto de encontro de vários brigões trouxas e alguns bruxos (quando estes queriam se isolar de seu mundo). O lugar era bem típico: mesas de sinuca, pouco iluminado, balcão. Algumas das mesas eram bambas, porque suas pernas estavam quebradas. Havia cacos de vidro e pedaços de garrafas pelo chão.


Jack Bolton estava limpando o balcão. Seu irmão, Johnny, varria os cacos. Os aurores foram até o irmão mais velho. A proximidade fez Jack erguer os olhos. Sorriu ao reconhecê-los:


-Agente Potter, agente Parkinson. Há quanto tempo... Ei, Johnny, viu quem tá aqui?


O irmão de Jack voltou-se e sorriu. Piscou e mandou um beijo para Pansy. Ela sorriu.


-O que os traz ao meu humilde bar?


Harry tirou uma foto do bolso interno da jaqueta e a pôs sobre o balcão.


-O que pode nos dizer sobre essa mulher?


Jack pegou a foto e arregalou os olhos ao reconhecer quem era. Chamou o irmão, que assumiu uma expressão de identificação idêntica.


-É a Miho. Vinha muito aqui na época em que andava com Darcy. Mas depois que ele foi preso, ela sumiu. – contou Johnny.


-Mas voltou há uns dois meses.


-Foi a última vez que a viu? – perguntou Pansy, ansiosa. Johnny se aproximou dela ao responder:


-Não. Ela esteve aqui algumas vezes desde então. Você é que sumiu, nunca mais apareceu pra ganhar de mim na sinuca... – disse, sedutor.


-Eu tô num caso importante.


-É, você sempre trabalhou demais. Eu costumava dar um jeito nisso.


Harry se controlava para não começar uma briga. Sabia que Pansy namorara Johnny há alguns anos, mas aquela insistência dele sempre era incômoda. Especialmente para ele, que gostava dela.


-Vocês dois, arranjem um quarto! – brincou Jack – Bom, ag. Potter, a última vez que vimos a Hiragizawa foi há uns 5 dias.


-Ela estava sozinha?


-Desde que voltou a freqüentar, sim. Mas foi embora acompanhada, da última vez.


Pansy voltou-se rapidamente para Jack. Tão rapidamente que sentiu dor no pescoço. Aquela notícia era muito interessante. Sabia que conseguiria informações úteis se falasse com aqueles dois.


Os Bolton eram os melhores informantes de Londres, pois seu bar era quase um QG de criminosos. Tanto a polícia trouxa quanto a bruxa sabiam disso muito bem, mas não se atreviam a prender ninguém no Irish son. Era um acordo implícito: a polícia nunca ia ao bar (a trabalho), e, em troca, os Bolton davam o paradeiro dos criminosos.


Os dois nunca sofriam represálias e isso se devia a uma razão bem simples: eram excelentes obliviadores. Sempre que alguém chegava ao bar sabendo que eles tinham falado alguma coisa, os irmãos apagavam essa memória recente dos clientes, de modo que ninguém nunca soube que eles 
eram bruxos e informantes.

-Quem estava com ela, Jack? Alguém conhecido? – perguntou Pansy.

-Não, nunca vi. Era um homem de uns 30 anos, falou com ela em outro idioma.


-Era baixo, cabelo curto, preto e liso. 


-Acho que o nome dele é Li. Ou pelo menos, foi a primeira coisa que a Miho disse quando o viu.


-Li? – perguntou Harry – Como o nome chinês?


-É. Aliás, eu mencionei que ele era oriental? – perguntou Johnny, irônico – É que não achei que isso fosse importante...


-É claro que isso é importante, cara. – disse Harry, sério – Devia ter dito isso em primeiro lugar!


-Então temos um homem oriental de cerca de 30 anos, cabelos curtos e que, provavelmente, se chama Li?


-Exato. – respondeu Jack.


-Isso é tudo? – perguntou Harry, ainda irritado com as gracinhas de Johnny Bolton.


-É sim.


-Obrigada pela colaboração. – o moreno cumprimentou os dois, assim como Pansy (que quase teve um beijo roubado por Johnny) e saíram do bar. Quando entraram na picape da morena, ela tinha um sorriso presunçoso nos lábios, que não passou despercebido a Harry.


-Aposto que tá pensando que o tal homem oriental é da família Chang.


-A possibilidade existe...


-Você tá obcecada com essa história!


-Você é um cético. Essa teoria é boa, mas você é cabeça-dura demais pra reconhecer.


-Não tenho culpa se sua fértil imaginação criou essa hipótese doida! Mas, se acha tão importante, eu vou investigar esse tal Li. Mas já vou avisando: não se frustre se não der em nada.


-Impossível não dar em nada. Pensa bem, Harry: um homem oriental, visto em companhia da nossa principal suspeita, falando em outro idioma, japonês ou chinês, muito provavelmente. Admita que é plausível que esse homem seja da Família Chang.


-Tudo bem – Harry deu-se por vencido – Mas antes de se empolgar tanto, lembre-se que Li é simplesmente o nome mais popular do planeta.


-Eu sei. – Pansy concordou, mas em seu íntimo, sabia que estava certa. Apesar de meio fantasioso, esse Li encaixava-se perfeitamente em sua teoria, como se fosse um elo de ligação entre chang e Miho.


“Talvez ele até tenha conexões com o Tentáculo!”, pensou extasiada.. De repente, deu-se conta que esquecera algo muito importante. Freou o carro tão bruscamente, que se estivessem sem cinto de segurança, harry e ela voariam pelo pára-brisa. 


-Quer me matar do coração, Pansy?! Qual o problema?


-Esquecemos de mencionar o Tentáculo! Os Bolton devem saber de algo!


-Será? – perguntou harry, massageando o pescoço com uma careta de dor.


-Claro. – respondeu a morena, dando uma volta de 180° com o carro bem no meio da estrada e voltando ao Irish Son – Existe alguma coisa do submundo do crime que aqueles dois não saibam?


Estacionou em frente ao bar e saiu rapidamente do carro. Entrou no estabelecimento, ansiosa. Harry a seguia de perto.


-Sentiu saudades de mim, amor? – brincou Johnny.


-Esquecemos de perguntar uma coisa. – respondeu a morena, indo direto ao ponto – O que sabem sobre o Tentáculo? 


-De polvo, preparado com alho e molho shoyo, fica uma delícia.


-Não brinca, Johnny.


-Ok. Tentáculo, deixe-me pensar... Ouvi alguma coisa sobre isso, sim. Há algum tempo, na época do Darcy. Uma organização de nível mundial, coordenada por uns grandes empresários. Pessoas ditas respeitáveis. Os mesmos que foram mortos há pouco tempo.


-Com a morte dos líderes, a formação original se desfez. Talvez nem haja mais um grupo. – disse Jack. – Mas é provável que os membros restantes ainda estejam reunidos, em torno de um comando central. 


-E vocês não sabem quem é o líder agora? – perguntou Harry.


-Não. Aliás, se soubéssemos, seríamos agentes do MM e não donos de um bar. – zombou Johnny, para maior exasperação do moreno.


-Isso é tudo que sabemos. – disse Jack.


-Agora, podem começar a trabalhar, não? – provocou Johnny. 


Os agentes preferiram não responder. Não tinham tempo para isso. despediram-se e saíram do bar. Já no carro, Pansy reparou no mau humor de Harry.


-O que foi?


Ele deu de ombros e não respondeu.


-Bom, não esquece de investigar o tal Li, se existe alguém com esse nome na família Chang. Ou então ele pode ser um empregado de confiança, ou um sócio...


-Não tenta me ensinar a fazer meu trabalho! – disse Harry, com raiva.


A morena ficou chocada e ofendida. Não sabia o motivo de tanta irritação e muito menos porque ele estava descontando nela.


-O que eu te fiz pra você falar assim comigo?


Harry respirou fundo. Ela não tinha culpa se ele estava morrendo de ciúmes de Johnny Bolton. O que era irracional, pois o informante dava em cima de todas as mulheres que passavam perto e o namoro dele com Pansy durara pouco tempo. Ela não tinha mais nada com ele há muito tempo, e, no entanto, ali estava Harry vendo coisas que não existiam. Mas mesmo sabendo que não havia razão para ciúmes, a raiva continuava.


-Nada! Não se mete! – disse, num tom que não deixava margem à discussão. 


Pansy deu de ombros, dirigindo silenciosamente até o MM. Ao chegarem, Harry saiu do carro sabendo que tinha dado um passo (bem grande) para trás na tentativa de reconquistá-la. A moça bateu a porta do carro, ao sair, mostrando o quanto ficara irritada com a grosseria dele. Caminhou até o elevador, ignorando o pedido dele de segurar a porta do mesmo.


-Vai de escada! – respondeu, antes da porta fechar na cara dele.


Harry praguejou. Aquela crise de ciúmes atrapalhara tudo. Pansy estava com muita raiva; a convivência seria tão insuportável que ele preferiria enfrentar Miho e o exército do Tentáculo sozinho e com as mãos amarradas às costas, do que encarar dividir uma sala com a ex-namorada.

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