Missão China - 12/20
N/a: a partir deste, os capítulos serão menores, tá?
~*uma cela qualquer do Palácio do Sol, 3 da manhã*~
Pansy voltava lentamente à consciência. Sentia dores em todas as partes do corpo. Não conseguia crer que alguém pudesse ser tão cruel. Li batera neles até cansar. Chegaram ao extremo de curar a fratura de Harry para que a luta fosse mais "justa". Sabia que assim que amanhecesse, seriam submetidos a uma nova sessão de torturas, afinal, eles tinham descoberto uma grande operação ilegal, e os bandidos tinham que ter certeza que ninguém mais sabia de nada.
-Pansy, tá acordada?
A voz de Gina soou próxima, em algum lugar à sua direita. Abriu os olhos e virou o pescoço.
-Tá acordada?
-Acho que sim, não tenho certeza...
-Vocês têm que soltar suas mãos. – disse uma outra voz, que Pansy reconheceu como sendo de Luna, vinda da sua esquerda.
-Como? – suas mãos estavam presas acima da cabeça, em algemas grossas.
-Desloquem os polegares, isso vai diminuir circunferência do punho.
A ruiva e a morena fizeram como Luna dissera. Deslocaram os polegares de uma das mãos e depois da outra. Desabaram no chão, queixando-se de dor.
-Onde estão os rapazes?
-Na cela ao lado. Temos que dar um jeito de sair daqui. – disse Luna, caminhando até a porta da cela – Não tem guardas.
-Não esperam que consigamos fugir. – deduziu Pansy – Sem varinhas, temos poucas chances.
-Que se danem as varinhas! Sai daí, Luna. – a loura se afastou. Gina apontou para a porta da cela – Alorromora! – o feitiço não surtiu efeito, para exasperação da ruiva – Como é possível? Eu sei fazer feitiços mais simples...
-Ah, vocês não acham que teriam essa moleza, né? – disse a voz debochada de Hannibal King – Essas celas são à prova de magia. Mas, se querem tanto sair – ele tirou uma chave do bolso – existe um jeito mais fácil.
-Qual é a armadilha?
-Nenhuma. Só cansei dessa brincadeira besta de “magia enlatada”.
-Porque devemos acreditar em você? É um deles!
-Queridas, não precisamos discutir. Eu tiro vocês daí – ele abriu a cela – e vocês salvam o mundo. – as três continuaram desconfiadas e não se moveram – Qual é?! Porque acham que não tem guardas aqui? Mandei todos pra longe. Estamos seguros.
~*cela ao lado*~
-Eu! Preciso! Sair! Daqui! – repetia Blaise, como um mantra. Ele forçava as correntes ao máximo, disposto a arrancá-las da parede se fosse necessário. Já tinha conseguido uma pequena folga.
-Blaise, cala a boca! – disse Draco – Eu to tentando usar minha Legilimência há meia hora e não consigo graças a você.
-Sinto muito se não consigo manter a calma, chefinho. – respondeu, irônico.
-Dá pras duas comadres pararem de discutir? – ralhou Harry, preso à parede em frente. – Vamos nos concentrar em dar um jeito de sair daqui.
A porta da cela foi aberta e King entrou com seu costumeiro sorriso de zombaria.
-Como estão?
-O que está fazendo aqui, desgraçado?
-Mas que boca suja! Salvo a vida de vocês e é isso que recebo?
-Salvar nossas vidas? Tá legal...
-Fui eu que sugeri que todos deveriam ser usados na próxima demonstração. Não fosse por mim, teriam apanhado até morrer. Assim como suas namoradas. Então não sejam ingratos. – ele começou a soltar os aurores e espantou-se ao ver as correntes folgadas de Blaise – Quem é você? O Hulk?
-Porque está nos ajudando? – perguntou Draco.
-Digamos que seja uma questão de poder maior. Tiro vocês daqui, e em troca, me protegem dos outros.
-Poder maior, diz você? Acho que sinto uma mudança nos ventos, digo eu... – respondeu Draco.
-Então temos um acordo? – perguntou King, estendendo a mão.
-Temos. – respondeu o louro, selando o trato.
-Só uma pergunta, - disse Harry – porque? Desistiu de todo o dinheiro que vai ganhar com essa história?
-Não ligo pra dinheiro. E acho que existem coisas que não devem se misturar. Como magia e gente comum, a quem vocês chamam trouxas. Essa “magia enlatada” não é segura, algumas reações bem feias já aconteceram nos testes...
-Está tentando salvar a humanidade? Que cara legal você é. – ironizou Blaise.
-Obrigado, eu sei. – os aurores reviraram os olhos – Vai haver uma nova reunião em alguns dias. É só o tempo de arrumarem novos compradores. O plano original era fazer os meninos lutarem entre si, mas depois da captura de vocês, eles resolveram mostrar o potencial real dessas coisas: a magia sintética pode ser usada contra a real.
A revelação preocupou os aurores. Que os trouxas usassem aquela arma pra matarem uns aos outros, já seria bem ruim. Mas a possibilidade deles lutarem de igual pra igual com bruxos era aterradora.
-Isso é absurdo. – disse Draco – É como colocar um poodle pra enfrentar um pitbull.
-Se o pitbull estiver despreparado e o poodle morder com força, é capaz de fazer um estrago.
-Já existe algum plano envolvendo essas coisas, não é? – deduziu Luna.
-O que eu sei é que o seu mundo e o meu não convivem tão pacificamente. A todo momento acontece um pequeno incidente envolvendo bruxos e trouxas e os Chang estão oferecendo uma chance de igualar o jogo. – percebendo a descrença dos aurores, King finalizou – O mundo hoje se divide entre potências ocidentais e seus aliados contra alguns países do Oriente Médio. Basta que uma fagulha se acenda e o mundo se divide entre bruxos contra trouxas!
-Ele tem razão. – disse Blaise – Nunca houve paz verdadeira entre os dois mundos. E se uma fagulha pode levar à uma guerra, os Chang têm uma bela fogueira nas mãos.
-Tão vendo? – disse Luna – Eu disse que havia uma conspiração trouxa!
-Bom, vamos indo. Suas varinhas estão na sala de treinamento. Levo vocês até lá.
Saíram da cela, avançando pelos corredores mal iluminados. O silêncio era absoluto, parecia que nem estavam numa casa cheia de guardas. Gina resolveu falar, tinha uma coisa incomodando-a:
-Draco, me desculpa! Eu devia ter feito alguma coisa pra deter a Miho.
-Gina, que bobagem. Você fez a coisa certa, se reagisse seria muito pior.
-Sem falar que deter a Miho é quase impossível.
-O que aconteceu?
-Miho usou Draco como escudo quando eu tentei estuporá-la, mas eu podia ter tentado acordá-lo com um feitiço não verbal. Mas me atrapalhei, não pensei direito e acabei abaixando a varinha. – a ruiva disse tudo isso muito rápido, como se confessasse um pecado.
-Gina, você preservou a vida de seu parceiro e a sua própria. É com isso que devemos nos preocupar em situações assim.
-Não, Pansy. Teria dado certo. Eu acordaria o Draco e ele surpreenderia Miho.
-E depois?
-Sei que eu acabaria morrendo, mas teríamos uma chance de pegá-la. – afirmou Gina, convicta. Pansy deu uma risada irônica – Não consegui manter a calma depois que ela pôs a espada no meu pescoço e quase matou Draco.
-Virgínia, conheço Hiragizawa melhor que você, já a persegui antes e já a enfrentei antes. Quer que eu diga o que teria acontecido se você acordasse o Malfoy?
-O que?
-Ela teria matado vocês dois. E de um jeito bem cruel.
-Não daria tempo! Enquanto ela estivesse ocupada me matando, – todos fizeram uma careta ante essas palavras – Draco lançaria um feitiço nela!
-Claro! – respondeu a morena, irônica – E no fim das contas, teríamos uma auror morta e uma assassina sob custódia. E tudo fica bem!
-Não brinca que isso é sério! – disse Gina.
-Assim que a Hiragizawa visse Draco acordar, ela lançaria kunai nele. Não em um ponto vital, mas em algum lugar onde ele sentisse muita dor e não pudesse se mexer. – Pansy falava com o olhar perdido, lembrava-se de seu próprio confronto com a japonesa – E depois, ela deixaria você morrer bem devagar.
-Como?
-Ferimento no pulmão, talvez. O sangue extravasaria, obstruindo traquéia, laringe e faringe. Em resumo, Miho faria você se afogar em seu próprio sangue. E o seu namoradinho não poderia fazer nada além de assistir. – intrometeu-se King, sem olhar para os aurores. A ruiva ainda não estava convencida, mas preferiu não discutir.
-Não se preocupe com isso, Gina. – disse Draco, abraçando-a – Era uma situação difícil, você fez o que achou certo.
-Mas, eu me sinto meio culpada...
-Se eu disser que te desculpo, você vai se sentir melhor?
-Possivelmente.
-Ok, eu te desculpo.
-Se já terminaram com esse papinho sem-graça, - disse King, abrindo uma porta que dava acesso à sala de treinamento, onde as varinhas deles estavam – peguem suas coisas.
Ao tocarem as varinhas, sentiram aquele inconfundível puxão no umbigo. Não tiveram chance de fazer nada, nem mesmo soltar as varinhas, pois em segundos, as chaves de portal os levaram dali.
-Tchauzinho. – disse Darcy, com um sorrisinho misterioso – Agora, vamos ao trabalho.
Ele foi a seu quarto, pegou suas armas e algumas roupas. Pôs tudo numa mochila e saiu.
-Hora de deixar os presentinhos. – e saiu em direção ao escritório.
Algumas horas depois, deu-se por satisfeito com a instalação impecável dos artefatos e saiu do palácio. Não, sem antes deixar uma fita sobre a mesa do escritório, explicando para os ex-sócios o que tinha feito e se despedindo.
Chegou ao centro de Pequim nas primeiras horas da manhã. Aqui e ali via corredores ou ciclistas ocupados em manter a forma. Procurou um telefone público e discou o número da embaixada britânica.
-Embaixada Britânica, bom dia?
-Bom dia. Eu tenho um assunto de código 62442. Pode transferir a ligação?
-Sim senhor. Para sua segurança, a conversa será gravada.
-Ok. – uma musiquinha irritante começou a tocar. Era uma versão horrível de Elise, o clássico número 1 das caixinhas de música.
-Ministério da magia Britânico, bom dia.
-Eu gostaria de falar com o Inspetor Wilckis. Eu sei que ele é trouxa, mas está em um caso de grande interesse para o mundo bruxo. Por isso, pensei que poderia encontrá-lo mais facilmente dessa forma.
-O senhor pode me dizer seu nome?
-É Darcy. Daniel Darcy. – pensou que a tendente fosse ter um ataque e gritar, mas ela não deu qualquer demonstração de que já ouvira falar dele.
-Vou estar transferindo, senhor. O inspetor Wilckis está no país, em alguns segundos, o senhor estará falando com ele.
-Ok. – novamente teve que aturar aquele som desagradável, mas por pouco tempo.
-Quem está falando?! Essa linha é rastreável, se for um trote...
-Calma, Inspetor. Cuidado com a pressão. Sou eu mesmo, sua maior prisão, Hannibal King. O homem a quem deve seu cargo.
-Eu não devo nada a você!
-Você era só uma porcaria de um inspetorzinho. Depois que prendeu, virou Secretário. Mas não liguei pra falar disso. Receberam o presentinho que eu mandei?
-Se refere aos agentes britânicos? Eles chegaram há algumas horas apresentando ferimentos clássicos de tortura.
-É, isso foi idéia minha. Gosto de ver policiais apanhando...
-Você é louco!
-E você tá tentando me enrolar. A essa altura, o rastreamento da ligação deve estar quase concluído. Então serei breve. Uma nova demonstração da arma mágica será realizada em alguns dias, no Palácio. Você vai receber uma lista com os nomes dos convidados e poderá prendê-los.
-E quanto aos seus amiguinhos: os Chang e a Hiragizawa? Vai abandoná-los, deixar que sejam presos?
-Inspetor, não há honra entre ladrões. Eles não são meus amigos e depois do que eu deixei pra eles, não haverá nada pra prender. Não se preocupe, já cuidei deles pra você.
-Do que está falando, o que você fez?!
-Só digo mais uma coisa: se o senhor e toda a equipe que está escutando nossa conversa quiser os Chang e a Miho presos, é melhor irem pegá-los bem antes das 8 e trinta.
-Da noite?
-Não, seu imbecil! Eu disse 8, não 20. Pelo meu relógio, e é ele que conta na história, vocês têm exatamente 2 horas, ou voarão pelos ares junto com os vilões. Tchauzinho. – e desligou, com um sorriso suave no rosto. O movimento nas ruas estava um pouco maior. Pondo a mochila, nas costas, King dirigiu-se calmamente a um ponto de táxis. Seu vôo pra Londres saía às 9 e 45, e ele não queria se atrasar.
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