Missão China - 18/20
~*8 meses depois*~
As meninas estavam reunidas na cozinha da casa de Blaise e Luna enquanto os rapazes conversavam na sala. Eles costumavam fazer reuniões como aquela antigamente, mas com o aumento do trabalho, ficava difícil reunir todo mundo. O melhor era que, supostamente, eles se reuniam pra assistir jogos do Campeonato Britânico de Quadribol, mas acabavam fofocando sobre seus relacionamentos, o que rendia ótimas risadas.
O grupo feminino sempre ia pra cozinha, não por machismo dos maridos/namorado, mas pra ficar mais perto de guloseimas como sorvetes e chocolates. Afinal, fofoca regada à doce é mil vezes melhor que fofoca à seco.
-E aí, Gina, como está a gravidez?
-Muito bem.
-Nenhuma vontade estranha? – perguntou Luna.
-Estranha não, mas estou comendo praticamente o dobro. Não consigo me controlar. Minha mãe disse que é normal e que vai passar com o tempo.
-Eu estava pensando, - começou Pansy, servindo-se de uma generosa taça de sorvete – não é esquisito nós três engravidarmos na mesma época?
-Não é na mesma época. – respondeu Luna – Você está quase de 9 meses, Gina de 3 e meu bebê tem apenas 5 semanas.
-Que seja. Eu me referia ao fato de estarmos grávidas neste momento.
-A médica não te proibiu de comer tanto sorvete? – perguntou Gina.
A morena deu de ombros.
-Faz muito tempo que não tomo. Harry não deixa.
-Sei como é. – disse Luna – Blaise vive atrás de mim, como se eu fosse uma criança. Não me deixa fazer nada.
-Comigo é pior. Além dos mimos do Draco, ainda tenho meus pais e irmãos em cima de mim o tempo todo, dando conselhos e fazendo perguntas...
-Aposto que Draco não gosta muito. – ponderou Pansy – Dividir sua atenção, quero dizer.
-Detesta. – as outras riram – Narcisa diz que isso vai mudar quando eu começar a sentir vontade comer coisas diferentes no meio da madrugada. Ele vai ser o único que vai poder me socorrer.
**
-E aí, Harry Os desejos da Pansy continuam?
-E como! Eu achava que isso passava lá pelo 5º mês, mas ela já está quase no 9º!
-Qual foi a última aventura?
-Ontem ela sentiu desejo de comer pastel de santa clara.
-O que é isso?
-É um doce trouxa, tradicional de Portugal. Eu procurei em 17 confeitarias e só achei numa que fica a uns 20 quarteirões da minha casa. Foi só tirar o carro da garagem que desabou aquela chuva – os outros fizeram caretas – Trânsito lento, ruas alagadas, resumindo, o caos.
-Mas você conseguiu comprar o negócio? – perguntou Draco.
-E você acha que eu teria coragem de voltar pra casa sem o doce? Pansy me esfolaria! – os colegas riram com gosto – Engraçado porque não é com vocês...
-Essa foi pior do que o leite com banana... – disse Blaise.
-Nem me lembre, ainda tenho pesadelo por causa do preço que paguei pelas bananas.
-Ô Gênio, porque, simplesmente, você não conjurou o tal doce? – perguntou Draco, com ares de quem sabe mais.
-Se você me ensinar como se conjura algo que você nunca viu nem não sabe do que é feito... – alfinetou Harry.
**
-Acho que o Harry tá louco pra que a gravidez acabe logo.
-Deve estar ansioso pra ver o bebê.
-Também. Mas o principal é se ver livre das minhas vontades. Ontem ele saiu, com aquela chuva pra me comprar pastel de santa clara. Uma outra vez, ele pagou uma fortuna por umas bananas porque eu estava louca pra tomar leite batido com banana, aveia e mel.
-Espero não ficar cheia de vontades... – comentou Luna, meio assustada.
-Ai, eu sinto tanta pena dele... Às vezes, eu mudo de humor e acabo brigando com ele sem razão nenhuma.
-Duvido que ele ache tão ruim. Tiro pelo Draco, que apesar de estranhar minha atual – Gina pensou na melhor palavra – “fascinação” por comida, não reclama. Não a sério, pelo menos.
-Mesmo assim, acho que estou abusando do meu grifinório.
-Draco está começando a se tornar superprotetor. Não me deixa sequer dar uma volta pelos jardins pela manhã, sem colocar uma blusa mais grossa.
**
-Gina é teimosa. Quer passear logo cedo sem usar casaco. E reclama quando levo pra ela!
-Pansy também é assim. Canso de dizer pra não andar descalça, secar o cabelo antes de dormir, não sair cedo em agasalho, mas não adianta. É como falar com uma porta!
-Acreditam que a Gina resolveu arrumar o quarto do bebê e começou a arrastar os móveis? Depois da médica ter dito que ela não podia se esforçar!
**
-Draco fez um escândalo outro dia porque eu estava organizando o quarto do bebê. Ele disse que eu não devia arrastar os móveis, mas o berço tem rodinhas. Eu não fiz esforço nenhum!
-Harry tem paranóia com gripe. “Não ande descalça, seque o cabelo, vista um casaco.” Parece que estamos vivendo na Era Glacial!
-Vocês reclamam de barriga cheia. – disse Luna e as outras a encararam – Ok, péssima escolha de palavras. Mas o fato é que se eles não estivessem tão atentos, vocês estariam se lamentando!
~*Duas semanas depois*~
Harry virou para o lado que Pansy ocupava na cama. Queria abraçá-la e sentir o perfume de seus cabelos, como fazia toda manhã. Seu braço encontrou apenas os lençóis e a colcha da cama, pois a morena não estava ali. Abriu um dos olhos e viu que o casaco dela estava sobre o espelho da cama.
-Deve estar no jardim, passando frio de novo. – levantou e vestiu o robe. Passou a mão no agasalho e saiu do quarto – Mas que mulher mais teimosa essa que eu fui arrumar...
Avançou rapidamente pelo corredor, mas se deteve ao passar pelo quarto do bebê. Felizmente Pansy estava ali e não lá fora.
-O que está fazendo?
-Terminando de arrumar as coisas. – ela fazia um móbile levitar e prendeu-o ao teto, sobre o berço.
-Achei que estivesse lá fora de novo. – ele a abraçou por trás, acariciando a grande barriga.
-Não, já aprendi a lição. Depois de todas as broncas que você me deu. – ela respondeu, divertida.
-Vamos tomar café.
-Eu já comi. Levantei já faz 1 hora.
-Então me faz companhia. – puxou-a pela mão e desceram as escadas.
Duas horas depois (por volta das dez da manhã), os dois encontravam-se na sala, lendo o jornal. A melhor coisa do domingo era não ter que ir trabalhar, segundo Harry. Pansy, de licença-maternidade, já não agüentava mais ficar sem fazer nada.
-Esse tal justiceiro tá famoso mesmo... – comentou o moreno.
-Ele já era famoso. Se tornou mais ainda depois de tentar matar todos em Pequim.
-Você tá cismada que esse cara é o King, né?
-Eu sei que é. O King some, Li Chang é morto por um “fantasma” e agora, esse tal aí pega bandidos com tiros perfeitos... É muito óbvio! – ela parou de falar, com uma expressão sonhadora.
“Iihh, ela vai falar...”
Ela mordeu o lábio inferior.
“Ela vai falar.”
A morena respirou fundo, como se aspirasse um cheiro muito bom.
“Ela vai falar!!”
-Harry, tô com desejo!
“Ela falou.” O moreno levantou e pegou as chaves do carro.
-O quê, onde e quanto? – ele apoiou as mãos nos braços da poltrona que ela ocupava.
-Quero um pedaço daquela torta de limão que a gente comeu naquele restaurante perto do London Eye (N/a: London Eye é uma roda-gigante enooooooooorme de onde dá pra ver grande parte de Londres).
-Fomos lá há mais de um ano! Como você ainda lembra?
-Não sei. Senti o gosto da torta. Vai lá?
-Tenho escolha?
-Não. A menos que queira que o bebê nasça com cara de torta.
- “Que o bebê nasça com cara de torta.” – ele falou ao mesmo tempo.
-Não brinca com isso!
-Pans, onde já se viu uma criança com cara de torta?
-Ai, eu nunca vi. E com certeza não quero que meu bebê seja uma. – ela levantou – Eu vou com você.
-Tem certeza? A médica disse que você não pode se esforçar.
-Ir ao London Eye de carro é fazer esforço, por acaso? Vamos logo.
~*~
Por volta do meio-dia, o casal já se encontrava de volta ao lar e Pansy se satisfazia comendo uma fatia da torta. Harry sorriu ao vê-la tão feliz. E pensar que o motivo de tanta alegria era uma simples fatia de torta...
Pensou em tudo o que acontecera: a missão, todos os riscos que correram, o seqüestro. Sentiu um arrepio ao concluir que estivera muito perto de perdê-la.
-Ei, o que houve? – ela perguntou, ao notar-lhe a expressão triste.
-Nada, só umas bobagens que me passaram pela cabeça.
-Então come um pedacinho de torta pra ficar melhor. – ela lhe deu um pedaço do doce.
-Hum, isso é bom... Me dá mais.
-Nem pensar. – ela sorriu e comeu o último pedaço – Que delícia.
-Sabe, eu tava pensando. Nós moramos juntos, vamos ter um filho... Não acha que está faltando alguma coisa?
-Tipo um cachorro? Só quando bebê estiver grandinho, agora não.
-Não, eu estou falando de algo menor...
-Um coelho?
-Um anel! – ele tirou a caixinha do bolso da calça – Uma aliança, pra ser mais preciso.
Harry ficou de joelhos em frente à poltrona e pegou a mão dela.
-Pans, aceita se casar comigo?
-Harry, o que você tem na cabeça?? – ela o afastou e ficou de pé – Pirou?
-Anh? – ele permaneceu ajoelhado, encarando-a , como se ela fosse um bisão do Himalaia com 5 pernas e 9 caudas (N/a: de onde eu tirei isso??).
-Você espera eu estar deste tamanho – ela apontou a grande barriga – pra me pedir em casamento? Como você acha que eu vou caber num vestido de noiva?
-A gente casa depois que o bebê nascer... – “Dã-ã!”, pensou o moreno, levantando do chão.
-Como se os meus seios fossem entrar no vestido... Eles mal cabem no sutiã.
-Tá, se o problema é esse, podemos esperar até que você se sinta à vontade com sua forma. – Harry pôs a caixinha sobre a mesinha de centro com um pouco mais de força do que seria necessário e começou a subir a escada.
-Harry, espera! Eu não disse que não queria casar com você! Só que eu quero esperar!
-Pra quê?!
-Eu quero ser uma noiva perfeita...
-Você já é. – ela inclinou a cabeça pro lado e sorriu – É a noiva mais linda do mundo!
-É claro que eu aceito me casar com você. Só que não agora, tá?
-Ok. – ele aproximou-se dela e lhe abraçou.
Pansy sentiu uma dor aguda no baixo ventre e sentiu um líquido escorrer por suas pernas.
-Ai, Harry, me leva pro hospital! – ele arregalou os olhos – A bolsa rompeu!
-O quê? – ele se desesperou e começou a agitar as mãos e olhar freneticamente pros lados – Tá, eu sei o que fazer! Vou pegar o carro! – correu pra fora, deixando a morena na sala.
Ela foi para o banheiro e colocou uma roupa seca. Estava imaginando como chegaria ao quarto pra pegar a bolsa da maternidade quando o namorado chegou, esbaforido.
-Vamos, vamos! – ele a conduzia pra fora, gentilmente.
-A bolsa da maternidade ficou no quarto. Vai lá pegar!
-Quarto? – ele olhou em volta, perdido – Onde fica isso?!
-Ai, Merlin, pra que diabos os homens servem? – resmungou a morena, mantendo-se calma e respirando como tinha aprendido nas aulas de preparação para o parto – Harry, querido, - disse, com voz doce – o quarto é aquele cômodo com a cama grande. Você vai subir a escada e vai pegar a bolsa que está sobre a cadeira, ok? – ele fez que ‘sim’ com a cabeça – Agora vai. Eu vou esperar no carro.
Ele subiu as escadas correndo, enquanto ela saía. Minutos depois, já estavam a caminho do St. Mungus.
-Como você está? – perguntou Harry. Já parecia ter tomado o controle da situação.
-Como você acha? – respondeu a morena, entre os dentes, sentindo mais uma contração. Segurava a alça da bolsa com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.
-Estamos quase lá. Agüenta só mais um pouco!
Pansy gritou e a dor foi tamanha que ela arrancou a alça da bolsa! “Deus que me perdoe, mas ainda bem que ela não estava segurando a minha mão.”
Chegaram ao hospital e logo a morena foi levada para a sala de parto. Harry decidiu avisar os amigos e cerca de 20 minutos depois, estavam todos ali, até Ron e Hermione.
-E aí, cara? Como tão as coisas? – perguntou o ruivo.
-Os médicos não me deram notícia nenhuma.
-O trabalho de parto pode demorar, gente. – disse Hermione, sentando no banco do corredor – Às vezes, horas.
-Horas?! Esperei quase 9 meses pra esse bebê nascer e agora ele ainda pode demorar horas pra sair?? – ele se jogou no banco, com as mãos na cabeça – Nunca mais vou ter filhos...
Os minutos pareciam se arrastar. Cada vez que ouvia um choro de bebê, Harry levantava, achando que era o seu, mas a maternidade estava bem agitada naquele dia.
Quando o moreno praticamente saltou do banco pela quinta vez à toa, Blaise não pôde evitar um comentário.
-Hoje é dia de algum santo protetor de bebês? Já nasceu quase meia dúzia!
-É, mais o meu que é bom, não nasce!
-Meninas, que tal irmos até o berçário? – convidou Gina.
-Boa idéia.
As três levantaram e foram até a janela do berçário, que ficava em outro corredor, aparentando uma tranqüilidade invejável.
-Como elas conseguem ficar tão calmas? – perguntou Draco, já meio esverdeado de tanto ouvir gritos (das mães mais exageradas e dos bebês recém-nascidos).
-Deve ser coisa de mulher, instinto maternal... – sugeriu Ron e os outros concordaram.
**
-Meu Deus, isso é um pesadelo! – disse Gina – O parto não deveria parecer uma tortura medieval!
-Deve variar de pessoa pra pessoa. Nem todas as mulheres devem sentir tanta dor. – ponderou Hermione, rezando mentalmente pra que isso fosse verdade.
-Filhinho, promete pra mim que você não vai dar todo esse trabalho. – disse Luna, pra própria barriga.
-Olhem, a enfermeira trouxe mais um. – disse Hermione e todas ficaram examinando a criança. Disseram um ‘Aaahh...’ coletivo e esqueceram do sofrimento ao ver a carinha do bebê.
-Olha o narizinho dele, que gracinha...
-Que coisinha mais linda...
**
-Agora é o meu! – disse Harry, ao ouvir mais um choro – Tenho certeza!
-Aposto 5 galeões que não é! – brincou Draco.
-Feito.
Um medi-bruxo saiu da sala de parto e retirou a máscara e a touca. Adiantou-se até os 4 homens.
-Sr. Potter...? – Harry ergueu a mão – Seu filho acaba de nascer. É um menino.
O moreno deu socos no ar e estendeu a mão em direção à Draco. O louro a apertou e lhe deu os parabéns.
-Eu não quero ‘parabéns’, não. Quero o dinheiro! – todos riram, exceto o médico. Harry voltou-se para ele – Eu posso vê-lo, doutor?
-Ele será levado ao berçário. E sua esposa está sendo removida para um quarto particular. – o médico despediu-se e foi embora e os quatros praticamente correram até o berçário. Uma enfermeira estava entrando com um bebê de cabelos pretos. Segurou-o em frente ao vidro para que o pai (principalmente) o visse. Harry pensou que o filho tinha cara de um joelho bem amassado, mas, ainda assim, era o joelho amassado mais lindo que já vira na vida! Ficou acenando com os dedos, como se esperasse que a criança retribuísse. Tinha um grande e bobo sorriso na cara.
Ficou admirando sua obra por mais alguns minutos. Depois foi até o quarto de Pansy. Ela parecia a personificação da paz.
-Oi amor.
-Oi. Você o viu?
-É a coisa mais linda do mundo! – beijou-a levemente.
-Eu achei ele meio amassado, mas o médico disse que recém-nascidos são sempre assim.
-Eu te amo.
-Eu também.
Beijaram-se longamente e ficaram conversando até que a enfermeira trouxe o pequeno para a primeira refeição.
-Acho que devemos escolher o nome, não? – perguntou Harry, sem tirar os olhos do filho.
-Ainda não escolheram? – perguntou Blaise – O que vocês ficaram fazendo esse tempo todo? – os outros se limitaram a encará-lo, como se dissessem “Não seja indiscreto, Zabine!!”
-Eu gosto de Willian. O que acha, Harry?
-É um bom nome. Willian Parkinson Potter, soa muito bem! – ele acariciou levemente a cabecinha do bebê – Bem vindo, Will.
Uma enfermeira entrou no quarto e pôs as mãos na cintura ao ver a quantidade de gente que havia por ali.
-O que todos vocês vieram fazer aqui? Fora, fora! – ela os espanou porta afora, mal dando tempo pra que se despedissem do casal. Seu estilo lembrava muito o de Madame Pomfrey. Virou-se para Harry e Pansy: - Daqui a pouco eu volto pra levar o bebê pro berçário, ok? – saiu do quarto em seguida.
-Agora já podemos casar, não? – disse Harry, encostando a cabeça na dela.
-Sim... Agora somos uma família completa.
-Nem tanto... – ela o encarou, com uma expressão interrogativa – Temos que dar um irmãozinho pra ele. Ou uma irmã.
-Claro. Só que, no próximo, você engravida, tá? – ela brincou, beijando-o levemente.
********************
0 comentários:
Postar um comentário