Missão China - 14/20

22:40 Juh 0 Comments






Uma semana depois de voltarem de Pequim, os agentes ainda se ocupavam de preencher documentos e dar depoimentos e entrevistas. Pansy era a mais ocupada de todos pois tinha que lidar com a burocracia decorrente de matar um suspeito. E trouxa ainda por cima. Drew Lawson , que agora era promotor já mandara uma intimação para que a morena fosse depor no tribunal especial da Seção de Ligação com os Trouxas.


-Quando é a nossa folga oficial? – perguntou a sonserina, preenchendo mais uma via de um documento que nem sabia pra que servia – Eu preciso das minhas duas semanas!


-Só você? – perguntou Draco – Eu tenho planos importantes pra essa folga!


-Jura? Quais são? – quis saber Gina, entrando na sala e pegando o fim da conversa.


-Anh... Vou levar minha mãe numa viagem. Ela ficou muito abalada com o que aconteceu em Pequim e passar um tempo fora, comigo, vai acalmá-la.


-Vai viajar com sua mãe?... – repetiu a ruiva, lentamente – Ok. – fez uma pausa, pra “digerir” a notícia – Quer jantar lá em casa hoje?


-Não vai dar, já tenho planos inadiáveis. – e saiu, sem dar chance à namorada de retrucar.
Gina, que chegara a abrir a boca pra dizer algo, ficou parada apenas acompanhando-o com o olhar, surpresa. A surpresa não tardou a se tornar irritação.


-Hum... Planos... – repetiu desconfiada – Só espero que esses planos não usem saias!


-O que? – perguntou Pansy, rindo.


-Nada não, tava pensando alto. – Gina parou de falar e concentrou-se em algum ponto da parede dos fundos da sala, com um fogo nos olhos que poderia derreter todo o prédio do Ministério – Pansy, você sabe o que Malfoy anda fazendo?


-Sei, claro. – respondeu a morena, irônica – Ele tá planejando o casamento surpresa de vocês.


-Eu tô falando sério!


-Gina, como eu vou saber o que o Draco anda fazendo? Aliás, porque você pensa que ele tá fazendo alguma coisa? Voltamos não fazem duas semanas...


-E daí?


-Estamos atolados com o processo, depondo todos os dias, não conseguimos dormir direito por causa do fuso-horário... – respondeu a morena, enumerando nos dedos – Acha mesmo que ele tem tempo pra aprontar? Só se tivesse um vira-tempo.


-É... Você tá certa... – Pansy murmurou algo como “sonserinos não estão sempre certos?” e a ruiva preferiu ignorar. – Mas viajar com a mãe?


-Ai, São Merlin, protetor das ruivas ciumentas, ajudai essa pobre alma desconfiada! – brincou a outra, erguendo o rosto e as mãos, como se rezasse e Gina riu – Eu vou tomar uma água, com licença.


-Toda.


~*~

“Filho,
entrei em contato com aquele estilista francês que mencionei, Jean Pierre DuBouvieur. Ele disse que seria muito difícil, mas como era um pedido especial meu, ele vai dar um jeito. Eu disse a você que ninguém nunca nega um pedido de Narcisa Malfoy. também confirmei com o florista: tulipas holandesas na decoração e margaridas brancas para o buquê.
Sabe que estou adorando organizar seu casamento? Modéstia à parte, sempre fui uma ótima organizadora de eventos. Não esqueça que hoje à noite você tem a primeira prova do seu fraque.
Beijos,
Narcisa.”

Draco terminou de ler a carta de sua mãe e sorriu, satisfeito. Tudo estava correndo perfeitamente bem na organização. No dia seguinte, um decorador especializado iria até à mansão para verificar o melhor lugar para o altar e a disposição das cadeiras.


Só uma coisa fugia ao seu controle: o temperamento da noiva. Já recusara alguns convites irrecusáveis da ruiva e não podia contar o real motivo. O estoque de desculpas esfarrapadas estava acabando, assim como a paciência dela. Só podia contar com os amigos para acalmá-la e impedi-la de pular em seu pescoço.


-Draco, - chamou Pansy, chamando sua atenção – se não começar a disfarçar melhor, ela vai descobrir. – disse a morena, em voz baixa, servindo-se de um copo d’água – Ela está muito desconfiada de que tem alguma coisa acontecendo.


-Bom, minha mãe disse que o estilista aceitou fazer o vestido. É só o tempo de ficar pronto e a gente casa.


-Então só nos resta resistir bravamente e não contar nada. – a morena sorriu ao ver o namorado se aproximando.


-Acabei de passar na nossa sala e quase fui interrogado pela Gina. Ela definitivamente sabe que você anda fazendo alguma coisa.


-Desde que não descubra o quê, vou deixá-la pensar o que quiser. Falou com a Granger?


-Falei. Ela aceita ser madrinha e também não vai contar nada. 


-Ótimo. – o louro consultou o relógio – Hora de voltar ao trabalho. 


Os três voltaram à sala. Gina fuzilou o namorado com o olhar, mas não falou nada. Ele se limitou a dar um sorriso de canto de boca.


O resto do dia se passou tranqüilamente. Ou quase. Brianna Edison discutira com Drew Lawson em plena sessão da Corte Mista de Bruxos e Trouxas, quando ele insinuou que a toda a operação tivera o intuito apenas de perseguir trouxas e intimidá-los. A bruxa o chamou de alguns nomes bem impróprios para um tribunal, dentre os quais “bastardo”, “deturpador” e “cobra” eram os menos grosseiros. 


Apesar disso, a sessão não fora interrompida. O que estava sendo avaliado era o comportamento dos integrantes da missão (tanto da espionagem quanto da invasão). No fim, os juízes bruxos e trouxas decidiram que, naquelas circunstâncias, eles tinham feito o que tinham sido treinados para fazer e o que motivara as mortes fora a resistência dos suspeitos. Foram todos inocentados, para raiva do promotor, que só faltou roer a perna de uma das mesas. Ele saiu furioso do tribunal, enquanto os aurores e a equipe de assalto se cumprimentavam.


-Comemoração no Irish Son esta noite! – disse Johnny, animado.


Todos confirmaram presença, exceto Draco, que, como já dissera antes, já “tinha planos”. Os olhos de Gina se estreitaram quando ele disse isso, o que não passou despercebido ao louro.

~*~

Mais uma semana se passou e Draco continuou “fugindo” de Gina, que agora já tinha certeza absoluta de que ele a estava traindo. O louro, por sua vez, recebera a notícia de que o vestido estava quase pronto e que o estilista já estava na Inglaterra, pronto pra fazer os ajustes finais. Percebeu que tinha que reaproximar-se da namorada. Tarefa difícil, pois ela era muito teimosa.


Numa manhã, chegou ao Ministério com uma rosa e pôs sobre a mesa dela. Quando a ruiva chegou, surpreendeu-se com o presente. Chegou a sorrir com a delicadeza do gesto.


-Gostou? – a voz grave de Draco se fez ouvir junto a seu ouvido, o que significava que ele estava bem perto. Ela se recompôs, assumindo novamente uma expressão fria, que era mais falsa que nota de 10 centavos.


-Na verdade, eu queria saber quem colocou essa florzinha mixuruca bagunçando a minha mesa.


-Ah, eu achei uma rosa bem bonita. Por isso a escolhi. Mas, se não gostou, pode jogar fora...


A ruiva fechou os olhos com força. Ele sabia muito bem que ela não jogaria aquela flor linda fora. Ainda mais sendo um presente dele.


-O que você tá pensando? Me ignora desde que voltamos e agora me dá flores? 


-Eu já disse, estive ocupado...


-Eu lembro. Na primeira vez, você não podia sair comigo porque tinha que passar um tempo com sua mãe, que estava muito abalada. Depois, veio com uma história de que tinha que ajudá-la a organizar um chá para as damas da sociedade. E aí, foi a arrumação do seu quarto antigo na mansão. 


-Gina, eu...


-Acho que depois dessa, eu parei de prestar atenção nas desculpas que você dava.


-Existe uma razão muito boa pra tudo isso, eu te garanto...


-E qual é? – Gina interrompeu-o.


-... mas ainda não é hora de você saber.


-E quando vai ser?


-Eu não sei. – “depende do estilista terminar o vestido antes que você me dê um fora”, pensou o louro.


-Bom, então me faça um favor. Só me procure quando achar que já é hora de eu saber essa razão misteriosa! – ela sentou-se, encerrando a conversa. Draco fez o mesmo, e pôs-se a escrever rapidamente para a mãe. Tinha que fazê-la apressar o estilista, ou perderia sua ruiva para sempre.


-Bom dia, pessoal. – cumprimentou Luna, entrando com Blaise na sala. Perceberam o clima tenso e preferiram não puxar conversa, ação imitada por Harry e Pansy, quando estes chegaram.


Após alguns minutos de silêncio pesado e incômodo, o moreno grifinório lembrou de uma coisa importante.


-Pans, nós vamos à loja de móveis depois que sairmos? 


-Ah, vamos sim. E temos que passar na loja de tapetes também. 


Os outros não entenderam bem aquela conversa e resolveram se meter.


-Tá reformando seu apartamento, Pansy? – perguntou Blaise, com uma expressão de pura curiosidade.


-Não. Estamos decorando nossa casa!


-Vão morar juntos? Parabéns! – cumprimentou Luna. Os amigos imitaram o gesto, inclusive Gina, que saiu da sala pouco depois.


Foi até o banheiro e encarou o espelho. Seu nariz estava vermelho, devido à vontade de chorar. Deixou que as lágrimas viessem, enquanto pensava as piores coisas possíveis de Draco.


-O casal mais enrolado do Ministério resolve ir adiante e ele fica me enganando e me enrolando... – voltou a chorar, soluçando. 


Foi assim que Pansy a encontrou.


-Gina, o que aconteceu? – perguntou, aproximando-se da ruiva.


-Aconteceu que o Draco não quer me dizer o que anda fazendo. Tenho certeza de que ele está me enganando. Semana passada, fui à festa dos Bolton, ele apareceu, fez ceninha de ciúmes quando me viu dançando, mas não quis ficar comigo, disse que tinha que voltar pra casa. Isso faz sentido pra você?


-Não, mas deve fazer pra ele. – na verdade, Pansy sabia porque Draco não ficara com Gina: no dia seguinte, bem cedo ele tivera que supervisionar a entrega das cadeiras e os itens de decoração para o casamento. Infelizmente não podia dizer isso à amiga. Mas tinha que fazê-la se acalmar ou ela terminaria com Malfoy – Gina, me escuta. Eu conheço Draco há muito tempo, somos amigos de infância. E eu sei que ele nunca te magoaria...


-Como pode ter tanta certeza?


-Por que ele te ama de verdade! – afirmou a morena – E eu tenho certeza que essa fase esquisita vai passar, você só tem que ser paciente. Dá um tempo pra ele se organizar.


-Tempo?... Eu não sei, Pansy, eu tô insegura... Ele anda fugindo de mim!


-Isso vai passar. – a sonserina abraçou a ruiva – Só tenha um pouco mais de paciência. E eu te prometo que se o Malfoy estiver fazendo algo errado, eu serei a primeira a azará-lo.


Gina sorriu e pareceu se acalmar. Pansy podia ter razão, Draco devia estar se ajustando ainda à velha rotina, não havia indícios reais de que ele a estava traindo. Mas, ainda assim, resolveu manter distância. 

~*~

-Graças a Merlin ele terminou!!! – comemorou Draco, em voz alta, na sala conjunta. Os outros 5 colegas o encararam interrogativamente.


Três dias haviam passado desde que Gina resolvera se afastar do louro até que ele resolvesse contar por que estava tão estranho. Pressionado pela noiva (que não sabia que era noiva), Draco resolveu pressionar a mãe pra que esta pressionasse o estilista. O resultado de tanta pressão: o vestido de Gina finalmente ficara pronto e, pelo que Narcisa escrevera na carta que mandara ao filho, parecia saído de um sonho.


-Nossa, Malfoy! Quer nos matar do coração?! – ralhou Harry, olhando disfarçadamente para Gina.


-Quem terminou o que, Draco? – perguntou a ruiva. 


-O novo decorador da mansão. – improvisou – A reforma estava me enlouquecendo. Aliás, quero convidar todos para verem. Sábado, às 8 da noite. Você também, Gina. – acrescentou, ao ver que ela parecia nem ouvi-lo.


-Está me convidando pra ver a nova decoração da sua casa?! Num sábado à noite?!


-Minha mãe adora exibir a mansão depois de uma reforma. Ela vai ficar chateada se você não for...
Gina o encarou: ele estava com aquela expressão que lembrava a de uma criança travessa. Seu instinto estava certo, ele aprontara alguma. Ou então, ia aprontar.


-Você tem que ir, Gi. As recepções de Narcisa Malfoy são fantásticas! – garantiu Pansy. Blaise confirmou com a cabeça.


A ruiva avaliou bem as caras dos amigos e concluiu que todos estavam ansiosos demais para que ela fosse à Mansão Wiltshire conferir a nova decoração. “Tudo bem que gente rica goste de receber amigos e exibir peças caras, mas num sábado à noite?”


O comentário seguinte de Draco foi tão oportuno que era como se ele tivesse lido sua mente:


-Minha mãe mandou fazer um conjunto novo de iluminação no jardim, e à noite é a hora ideal pra apreciar.


-Bom, se vocês insistem tanto... – a ruiva deu de ombros – O que devo usar?


-Black-tie. Narcisa faz questão de recepções de gala. 


-Ok. Estarei em sua casa, no sábado à noite, trajando Black-tie, Malfoy.


~* Apartamento de Pansy Parkinson, 19hs *~

Harry andava de um lado pra outro na sala, esperando a namorada terminar de se arrumar. Malfoy os fizera prometer que chegariam no mínimo uma hora antes, mas Pansy não parecia ligar pra isso.


-Pans, se você demorar mais, vamos chegar lá depois da lua de mel!


-Eu sou uma madrinha de casamento! Não me apresse! – respondeu a morena, lá de cima, de seu quarto.


-Quero só ver quando ela for a noiva... Vai começar a se arrumar com uma semana de antecedência... – resmungou o moreno, sentando no sofá e apoiando os pés na mesinha de centro. Esbarrou num bibelô, que caiu, fazendo aquele barulho.


-Harry, tira os pés da mesinha! E conserta minha escultura! – gritou Pansy, do andar de cima.


O grifinório olhou em volta e pro alto, intrigado.


-Como ela sabe?...


-Simples, meu amor, – disse a moça, descendo a escada – você sempre põe os pés aí e sempre quebra minha escultura. Como estou?


“Linda!”, pensou Harry, enquanto a olhava de boca aberta. Ela usava um vestido longo, verde claro com um bordado de pedrarias no busto. Sandálias prateadas de tiras finas e salto alto e uma maquiagem leve completavam a produção. O moreno não conseguia articular uma palavra, estava hipnotizado.


-Vou interpretar seu silêncio como um elogio.


-Desculpe, fiquei sem palavras... 


-É, eu causo esse efeito. – brincou a morena, beijando-o levemente em seguida – Você também está lindo.


-É melhor irmos logo, antes que eu desista de ir ao casamento pra fazermos algo mais interessante... – a sonserina ficou ruborizada com a insinuação.


Checaram os últimos detalhes da produção num espelho que ficava na parede da sala e desaparataram.


~*~

-Lu, me ajuda com a gravata, acho que ela tá meio torta...


-Não, Blaise, sua gravata não está torta. É impressão sua.


-Tem certeza?


Luna preferiu não responder. Calçou as sandálias, pegou a bolsa e parou junto à porta do quarto observando, incrédula, o marido eliminando amassados inexistentes do terno que usava. 


-Amor, - ele se virou ao ouvi-la chamar – você não é a noiva, tá?


-Tão engraçadinha... Acho que tô pronto. – ele finalmente deixou a frente do espelho, deu o braço à Luna e os dois deixaram o quarto.


Chegaram à sala, onde ele apanhou o cravo que completava seu traje de padrinho. Luna pressentiu que ele iria demorar até deixar a flor na posição perfeita e se adiantou.


-Deixa eu colocar. – em 2 minutos, ele estava satisfeito.


-Tá vendo, você tem mãos mágicas! Se tivesse me ajudado com a gravata, eu não teria demorado tanto...


-Vamos logo antes que Malfoy mande alguns trasgos de segurança nos buscar.


Desaparataram na Mansão Wiltshire, que estava lindamente decorada. Havia uma fonte luminosa no meio do jardim, as cadeiras estavam dispostas em frente a um altar com um arco adornado por flores com pequenas fadinhas. Em uma palavra, a mansão estava espetacular.

~*~

-Não sei porque eu aceitei vir à casa dele! Onde eu tava com a cabeça?


Gina resmungava pra si mesma enquanto adentrava a mansão. Não estava com a menor vontade de ver Draco Malfoy e agüentar mais histórias esfarrapadas.


Foi recebida por Luna e Hermione, que estavam na entrada do jardim.


-Oi Gina. Como está? – cumprimentou Hermione, abraçando a cunhada.


-Mione? O que tá fazendo aqui?


-Fui convidada. – respondeu, com simplicidade.


Gina estava achando tudo aquilo muito estranho. Exibição de decoração num sábado à noite, numa festa black-tie já era esquisito demais, mas Narcisa Malfoy convidar Hermione Granger?! Elas nem se conheciam!


-Vamos entrar. – disse Luna, conduzindo a ruiva.


-Eu não pretendo demorar nada. Vou cumprimentar Narcisa, circular um pouco e ir embora. Não quero ver o Draco!


-Isso será impossível, querida. – disse a loura, ao chegarem numa área do jardim ao lado da casa – Ele está louco pra te ver.


A moça olhou em volta, com a boca entreaberta, devido ao susto. Aquela não era uma exibição da reforma da mansão Wiltshire. Era uma cerimônia de casamento! As cadeiras estavam dispostas ao lado de um tapete creme coberto por pétalas de flores. À frente ficava o altar, decorado com um arco branco com flores e fadinhas coloridas. Sua mãe, sentada na primeira fileira de cadeiras, secou os olhos com um lencinho ao vê-la. O pai de adiantou até onde ela estava. Todos os seus irmãos também estavam ali. 


-O que tá acontecendo?


-Não é óbvio? – disse Hermione – Bem-vinda ao seu casamento, Gina.


A ruiva, que até então, nem sabia que ia casar, tomou uma atitude típica de noiva: desmaiou.


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