Missão China - 16/20
~*Casa de Harry&Pansy, 9 da manhã*~
O casal estava na cozinha preparando o café. Harry fazia as panquecas enquanto Pansy cuidava do chá e das frutas. Ela colocou água quente em duas xícaras e depositou os saquinhos.
Mal sentaram para comer, ela fez uma careta.
-O que foi?
-Acho que o chá não está bom.
Harry provou a bebida quente e discordou.
-Pra mim, não tem nada de errado.
-Ah, não sei. Alguma coisa nessa mesa não tá legal... – ela fez outra careta e levou a mão à boca.
-Não precisa tomar chá. Eu vou te fazer um suco.
A simples menção da palavra ‘suco’ a fez levantar da mesa e correr para o banheiro. Voltou alguns minutos depois, meneando a cabeça.
-Comi alguma coisa ontem que me fez mal.
-Tem certeza? – perguntou Harry, com as sobrancelhas erguidas.
-Que outro motivo eu teria para estar enjoada logo de manhã? – mal terminou de falar, arregalou os olhos – Não pode ser.
-Claro que pode. Temos praticado bastante desde que voltamos. E outro dia mesmo, você disse que estava atrasada...
-Mas não nos planejamos, não estamos preparados!
-Calma, - Harry se levantou – nem sabemos se isso realmente está acontecendo.
-Eu tenho que fazer um exame!
-Boa idéia, assim vamos ter cert...
-Não, um exame demora muito. – ela o interrompeu, gesticulando nervosamente – Eu teria que ir ao médico, fazer o pedido, esperar o resultado... Morreria de ansiedade. – ela começou a andar de um lado pra outro – Já sei! Vai naquela farmácia aqui perto e compra um daqueles testes. Assim, descobrimos logo!
-Esses testes não são muito seguros... – argumentou Harry, enquanto ela o empurrava em direção à porta.
-Então compra dois, de marcas diferentes. Se pelo menos um der positivo... – ela se jogou no sofá com um sorriso, acariciando o próprio ventre – Um bebê... Eu não acredito!
-Nem eu. – o moreno ajoelhou-se e beijou-lhe o ventre. Em seguida, levantou – Vou à farmácia. Tenta não surtar enquanto eu estiver fora tá?
Ela lhe mostrou a língua em resposta.
~*~
Vinte minutos depois, Pansy saía do banheiro com os dois testes.
-Só temos que esperar um pouquinho.
Os dois puseram-se a observar os testes. Um deles ficou azul, o outro exibiu a palavra “Positivo” (N/a: isso é possível? Eu não sei.) na parte indicativa. Harry pegou a embalagem e leu:
- “A cor azul significa positivo”.
-Positivo... – repetiu a morena, meio estática – Isso quer dizer...
-Grávidos?
-É...
-Ai meu Deus!! – disseram em uníssono (e em pânico). Pansy encarou o namorado, e perguntou, meio desesperada:
-O que a gente faz agora?
-Eu não sei, não faço idéia! – ele levou as mãos à cabeça, respirando com dificuldade. Caiu sentado no sofá e deixou o corpo escorregar até o chão.
-Harry, se acalma. Vamos evitar o pânico, ok? – disse a morena, sentando ao lado dele – Inspira e expira, devagar. – ela o instruía como uma professora de ioga.
Após algumas inspirações e expirações depois, Harry se acalmou o bastante pra conseguir falar.
-Pans, nós vamos mesmo ter um bebê? Daqueles rosadinhos e rechonchudos, como nos comerciais de fralda?
-Acho que sim, né? – eles se encararam – Como a gente vai fazer isso? Não sei cuidar de bebês, e se fizermos tudo errado?
-Podemos comprar uns livros...
-Temos é que comprar um berço. E roupinhas, fraldas.
-Brinquedos, também. E uma vassoura, lógico. Quanto antes ele ou ela começar a praticar, melhor, né?
aposto que vai ser Apanhador. Ou Apanhadora.
-Por que meu bebê tem que ser jogador de quadribol?
-Porque quadribol é o melhor jogo que existe, oras. – ele ficou pensativo – Devíamos comprar roupinhas com detalhes vermelhos... Pra ele ou ela já ir se acostumando...
-Com o quê? A cafonice de usar vermelho e dourado? – alfinetou a morena – Meu bebê vai usar verde e prata, cores de um campeão!
-Só se for de vice-campeão. – respondeu Harry, em voz baixa, mas ainda assim ela ouviu e lhe deu um tapa leve no braço – É verdade, nos nossos anos de Hogwarts, Grifinória sempre ganhou!
-Não por competência acadêmica. Só ganhavam por causa daquele campeonato besta daquele jogo besta!
-Se me lembro bem, você tava sempre lá, torcendo pelo jogo besta. E era a que mais gritava.
-Eu não gritava, eu nunca grito. Sou uma dama.
Harry levantou, sorrindo, e ficou de pé no meio da sala. Encheu os pulmões de ar e berrou:
-VAI SONSERINAAAAAAAAAA!!!!!!!!! É A MELHOOOOOOOOOOR!!!! – ele deu uns pulinhos e bateu palmas enquanto gritava. – QUEM TEM O MELHOR TIME?
SONSERINAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!
Pansy cobriu o rosto com as mãos, envergonhada.
-Pára.
-Vai dizer que não era assim que você torcia? Às vezes eu conseguia te ouvir até em dia de tempestade.
-Ah, era a empolgação do momento. E tudo bem, nosso filho ou filha pode jogar quadribol. Vai ser o melhor apanhador que Sonserina já teve.
-Quem decide é o Chapéu Seletor. – respondeu Harry, sentando no chão de novo e passando o braço por sobre os ombros dela – Mas não importa, vai ser o nosso bebê.
-E nós vamos amá-lo muito. Mesmo que seja um grifinório bobo. – disse Pansy, encarando-o.
-Ou uma sonserina metida. – respondeu o moreno, antes de beijá-la.
~*~
As 2 semanas se passaram com uma velocidade impressionante, e quando os aurores notaram, já era hora de voltar ao trabalho. Gina e Draco que tinham chegado há poucos dias ainda estavam naquele clima de lua-de-mel. Harry também não gostara muito de voltar, preferia ficar em casa paparicando sua morena, ainda que ela se cansasse um pouco disso. Mas quem estava mais insatisfeito mesmo era Blaise, pois Luna recebera a orientação de ficar apenas no Dept. de Inteligência, já que não era auror, e sim, investigadora.
Estavam conversando sobre as banalidades de sempre quando a agradável sra. Zaggs entrou trazendo pastas com aspecto oficial.
-Estas são as suas novas missões. Prioridade imediata. – disse a mulher, jogando as pastas sobre a mesa de Draco e saindo a seguir.
-Eu juro que eu ainda azaro essa mulher! – disse Gina, recebendo a pasta que o marido lhe passava.
-Nós nem chegamos e já temos trabalho? Isso é um absurdo. – reclamou Harry.
-Não seja preguiçoso. – disse Pansy, verificando o conteúdo de sua pasta – Hunf, depois de um caso internacional, tenho que cuidar de ações de gangues anti-trouxas... Que tédio. – ela levantou e pegou sua bolsa.
-Onde você vai? Quero dizer, onde foi a ocorrência? – perguntou Harry tentando parecer desinteressado.
-Little Whinging, Surrey.
-Mesmo? Será que foi na casa dos Dursley?
-Seus tios devem ter achado que foi obra sua... – brincou Gina.
-É, isso é bem possível. Mas, sinceramente, eu não estou nem aí.
~*~
Quim apareceu numa manhã para anunciar o dia da condecoração. As medalhas seriam entregues numa cerimônia formal promovida pela Ordem de Merlin, que nada mais era que um grupo de bruxos velhos que decidiam se os feitos de alguém eram importantes o bastante para serem reconhecidos.
-De que Classe estamos falando? – perguntou Blaise.
-3ª, acredito. – respondeu o chefe – 2ª, se os chefes da Ordem estiverem de bom humor.
-Impedimos a nova ordem mundial e ganhamos uma mísera 2ª Classe?! O que a gente tem que fazer pra ganhar a 1ª?
-Matar um gigante. – respondeu Quim, com descaso. Estava mais ocupado lendo as manchetes do Profeta Diário sobre a mesa de Draco – Ou um dragão. Não encontraram todos os corpos no acidente com o ônibus, né?
-Não. Três prisioneiros ainda devem estar no fundo do canal...
-Pessoas muito perigosas estavam sendo transportadas nesse dia. Vamos esperar que esses três que estão faltando não estejam soltos por aí...
~*4 dias depois, Salão de Eventos da Ordem de Merlin*~
A festa de condecoração estava muito chata. Como qualquer um daqueles eventos pra gente rica. Pansy estava louca pra terminar aquela noite, mas os velhos da Ordem pareciam não ter pressa. Circulavam pelo salão conversando com todos os figurões, distribuíam aqueles sorrisos plásticos e faziam com que todos pensassem que a Ordem era muito útil, afinal, era daquelas pessoas que vinham as libras necessárias para manter toda a pompa que os cercava.
“Quanto anos será que eles têm? Todos parecem estar no segundo tempo da prorrogação...”, pensou a morena, sorrindo. Caminhou entre as pessoas até chegar a uma mesa vazia num canto qualquer do salão. Seus pés a estavam matando, os sapatos que escolheram começavam a machucar. Descalçou-os discretamente e correu os olhos pelos presentes.
-Ai, Harry, cadê você? Morreu dentro do banheiro? – resmungou, mal-humorada. A verdade é que ele nem tinha ido há tanto tempo assim, mas no meio de toda aquela gente chata, os minutos se arrastavam como se fossem horas...
~*Banheiro Masculino*~
Harry lavava as mãos quando ouviu alguém entrar. Não ergueu a cabeça ou olhou pelo espelho, afinal banheiro não era lugar pra fazer social. Teria ignorado completamente quem entrara, mas este chamou-lhe a atenção tocando seu ombro. O moreno se virou e deu de cara com ninguém menos que Harry Potter!
Olhou-o de cima a baixo, os pensamentos paralisados devido à surpresa. Ele tinha um brilho maligno nos olhos verdes, a maldade chegava a assustar. Moveu a mão rapidamente em direção à varinha.
-Não dessa vez. – disse o segundo Harry, estendendo a mão e dizendo algo em outra língua.
Harry verdadeiro sentiu como se vivesse um grande choque. Se há alguns segundos não conseguia pensar, agora sua mente era invadida pelas piores lembranças de sua vida. O efeito daquele feitiço era semelhante à proximidade de um Dementador, mas as conseqüências pareciam piores. A varinha caiu da mão do grifinório, que segurou a cabeça em desespero. Sentia que todos os seus sentimentos estavam sendo esmagados, seus olhos não viam mais o banheiro do salão de eventos da Ordem e sim um cenário árido, desolado, que ele reconheceu logo: era sua casa. E no meio dos destroços estava o corpo de sua mulher já em estado avançado de gravidez.
Caiu de joelhos e apoiou as mãos no chão. Não eram só seus sentimentos que pareciam devastados, seu corpo estava frágil, ele estava totalmente sem forças. Desabou sobre o frio assoalho, os olhos verdes meio embaçados, os membros não o obedeciam.
-Esse não é um feitiço letal, mas vai te deixar derrubado por tempo suficiente... – o Harry falso arrastou o verdadeiro até um boxe e o jogou lá dentro. Mais algumas palavras e o grifinório teve mãos e pés amarrados. – Acho que não é justo que não me conheça, então vou me apresentar. – ele passou a mão à frente do rosto e mostrou a verdadeira face: Li Chang.
Harry arregalou os olhos de susto. “Você... está vivo?!”, pensava o moreno, ainda sentindo aquele desespero terrível.
-E só pra evitar que você saia falando do que aconteceu aqui... – Li tocou os lábios de Harry, que gradativamente sentiu a boca desaparecer (N/a: lembram de Matrix? Daquela cena em que os agentes pegam o Neo e a boca dele vai sumindo e fica só a pele normal no lugar? Aqui é igual). – Agora, fique aí quietinho que eu tenho uma medalha pra receber... – disse o chinês, refazendo o feitiço que alterava sua imagem.
Ele trancou a porta do boxe, recolheu a varinha de Harry do chão e saiu. Caminhou tranqüilamente entre os convidados e viu uma das aurores que arruinara sua vida, a morena. Começaria sua vingança por ela, o nome era Pansy Parkinson e era namorada do imbecil que deixara quase morto no banheiro.
Ela sorriu ao vê-lo se aproximar. “Até que enfim”, pensou, observando-o com atenção. Pensou ter visto algo diferente nos olhos verdes, mas convenceu-se de que fora só impressão.
-Desculpe se demorei, o banheiro estava cheio.
-Todos deviam estar se escondendo, então. Essa festa tá muito chata!
-Quer dar uma volta lá fora? – convidou Li-Harry, sorrindo.
Novamente a morena pensou ter visto algo estranho nele, mas ignorou essa idéia. “Estou tão cansada que já estou vendo coisas...”, pensou ao levantar e dar o braço ao namorado.
~*~
-Oi, gente.
-Oi, Gina, Draco. Que festão, hein? – ironizou Blaise.
-Demais. – respondeu o loiro.
-Vocês viram a Pansy por aí? – perguntou Gina – Parece que Harry e ela não estão em lugar nenhum desse salão.
-Eu acho que estão lá fora, os vi sair. – respondeu Luna – Acho que eu preciso retocar.
-Eu também. – disse Gina – Já voltamos.
As duas saíram, tagarelando sobre maquiagem, deixando Blaise e Draco com aquela velha dúvida que atormenta todos os homens:
-Por que mulheres vão juntas ao banheiro?
-O banheiro feminino deve ser um portal para a dimensão de onde vêm todas as mulheres... Mas o portal só deve abrir se mais de uma estiver presente. – respondeu Blaise.
-Agora eu entendi porque você e a Luna se davam tão bem em Hogwarts. Só que ela já parou de pensar esse tipo de coisa há tempos, não? – caçoou Draco.
Blaise ignorou a brincadeira e disse que ia ao banheiro, pois bebera champanhe demais. O louro consultou o relógio: a festa já começara há quase duas horas, logo eles receberiam as medalhas. “Será que meu cabelo tá legal?”, pensou; “Acho melhor checar”.
~*~
Harry já estava mais recuperado do feitiço que recebera e tentava desesperadamente se livrar daquelas malditas cordas. Não conseguia falar, só emitia murmúrios, o que significava que dificilmente alguém o ouviria. “Ok, se acalma e se concentra. É só lembrar das aulas do Shack: Prática mágica independente de instrumentos.” Fechou os olhos e posicionou as mãos, presas às suas costas, de maneira que tocassem as cordas. “EVANESCO!”, gritou em pensamento e as cordas desapareceram. Ele abriu os braços, num gesto amplo demais para o espaço pequeno do boxe. Suas mãos se chocaram violentamente contra as paredes e ele gritou de dor. Um grito murmurado, mas ainda assim, um grito.
~*~
-Iihh, acho que a comida da festa fez mal... – comentou Blaise enquanto lavava as mãos. – O que será que esse cara comeu?...
-Seja lá o que for, espero que eu não tenha comido o mesmo. – respondeu Draco.
~*~
“Blaise e Draco!”, pensou o grifinório ficando de pé. Seus pés ainda estavam amarrados, o que fez com que ele se desequilibrasse e caísse contra a porta. O obstáculo não sustentou seu peso e se abriu, fazendo com que ele desabasse no chão pela segunda vez naquele dia.
-Minha Nossa! – exclamou o louro – Potter?
-Mas o que...
Harry sentou e tentou soltar os pés. Olhou feio para os outros, para que fossem ajudá-lo. Blaise sacou a varinha e fez as cordas sumirem. Ajudou o amigo a se levantar.
-O que aconteceu, cara? Cadê a sua boca?? – perguntou, assustado.
-Eu resolvo. – disse Draco, encostando a ponta da varinha na região onde os lábios de Harry deveriam estar. Em segundos, o rosto do moreno estava normal – O que houve?
-Eu vi você sair do Salão com a Pansy há uns 15 minutos. Porque você está aqui?
-Li Chang. – respondeu, meio ofegante – Ele está vivo! Se ele está com a Pansy, minha morena já pode estar morta a essa altura!
~*~
-Não acha que devemos voltar, Harry? A premiação deve começar logo.
-Isso não é tão importante. Uma medalha não significa nada.
-Mas nós merecemos. Afinal, não é todo dia que barramos um esquema como aquele...
-É, você está certa.
-Podemos ir pra casa assim que recebermos as medalhas, que tal? – sugeriu a morena, aproximando-se dele para beijá-lo. Ele se afastou um pouco, encarando-a – O que foi?
-Nada. – respondeu Li-Harry, beijando-a intensamente, até com uma certa violência. “Sim, porque não aproveitar um pouco, antes de matá-la?... É tão bonita...”, pensava, sádico.
-AFASTE-SE DELA!
A moça afastou-se do suposto namorado ao ouvir o grito. Tentava entender porque Harry a beijara daquela forma, ele nunca fazia isso.
-PANSY!!
Ela não teve tempo de entender o que acontecia. Num minuto, estava com o namorado. No outro, o via correr até ela, gritando desesperado.
-Agora já é muito tarde, querida. Nós temos que ir. – disse o homem que ela pensava ser o seu Harry Potter. Encarou-o e ele mostrou quem era de verdade. A morena tentou se soltar, mas antes que conseguisse, Li Chang aparatou dali levando-a junto.
-NÃO! – gritou Harry, ao vê-los desaparecer – Pansy...
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