Missão China - 7/20

21:13 Juh 0 Comments




#Instituição de Correção Penal Edward IV, Pavilhão C (prisioneiros perpétuos), 20:40#


Miho Hiragizawa caiu em meio à escuridão. Sentiu uma pontada no joelho direito, pois se apoiara nele e na mão esquerda ao pousar. Levantou assim que a dor passou. Pegou um bastão de luz química e o acendeu.


-Chegada suave, hein? – disse uma voz masculina e sarcástica.


-Não me acostumo com essas coisas. Mas é o jeito mais rápido de chegar a qualquer lugar.


-Chave de portal? Realmente muito práticas...


-Pronto pra ir, king?


-Faz tempo que não me chamam assim. Quase esqueci esse nome.


-Então toma uma coisinha pra lembrar – Miho pegou uma arma estranha, toda modificada e entregou a ele – Sinta o poder! – brincou.


-É, eu sinto. – ele acariciou a arma, nostálgico.


-Pronto pra sair, Daniel Darcy?


-Depois de três anos? Mas é claro!


-Falta pouco pra chave-de-portal ser acionada. – disse a japonesa, observando o par de algemas, que emitia um suave brilho azulado.


-Então dá tempo de deixar uma lembrancinha – King ergueu a arma e olhou pra Miho – Está carregada? – ela confirmou – Ótimo...


Ele mirou na parede e apertou o gatilho. Uma seqüência ininterrupta de tiros marcou a superfície com um grande HK.


-Pra que você fez isso ?! Deve ter acordado todo mundo!


-E daí? Já estamos de saída, mesmo... – ele ergueu as algemas, penduradas no cano ainda fumegante da arma. O brilho azul estava ainda mais forte – Vai querer carona?


Miho segurou a algema com uma das mãos e com a outra lançou duas pequenas shuri-kens*¹, uma ao lado de cada letra.


-Faltaram os pontos. – explicou. King meramente sorriu.


Nesse momento, um bando de policiais, todos de armas em punho, surgiu à porta da cela. Darcy, gozador, mandou um beijo pra eles, enquanto Miho piscou um dos olhos. E os dois desapareceram no ar.


Os guardas chegaram a atirar, mas eles já tinham sumido. Ficaram paralisados, sem saber como duas pessoas podiam simplesmente sumir!


-Chefe, - perguntou um dos guardas – o que faremos?


-Isso não é mais com a gente. – ele correu até o escritório e pegou o telefone – Central! Ligue pra casa do Inspetor Beckett, temos uma emergência no Edward IV!... Não, não é fuga em massa, temos um 62442!!


#Hotel Iang-Tsé, Pequim, 9:53 do dia seguinte#


-Cheguei, Draco! – disse Gina, em voz alta entrando no quarto.


-Percebi, né?


Gina deparou-se com uma cena, no mínimo desanimadora: Draco estava jogado no sofá, com uma calça de flanela e uma regata branca, a barba por fazer. Segurava um maço de cartas e tentava jogá-las dentro de um chapéu, que estava no chão, um pouco distante do sofá.


-Você tem noção de como isso é frustrante?


-O que?


-Chegar e te ver assim, desleixado!


-Não tenho nada pra fazer... Ninguém entra ou sai do Palácio do Sol, não tivemos nenhuma notícia da Hiragizawa desde que chegamos, nenhuma novidade dos outros, enfim, tédio total.


-Que tal gastar um pouco de energia? Sei lá, vamos dar um passeio.


-Esse exercício aqui tá ótimo. – ele jogou mais uma carta no chapéu. O chão em volta deste estava repleto de cartas, mas dentro só três. Gina debochou:


-Você é péssimo, nisso, hein? – esperava que ele reagisse à provocação. Não deu outra.


-Pensa que é fácil? Pois não é, não!


-Posso tentar? – perguntou a ruiva, já pegando o baralho da mão dele. Tirou uma carta, mirou e lançou. Caiu certeira dentro do chapéu!


-Sorte de principiante!


-Não seja por isso. – a ruiva pegou outra carta e jogou. Novamente acertou o alvo, para exasperação de Draco. – Não fique bravo.


Ele repousou a cabeça no encosto do sofá e a encarou.


-Gina, eu tô morrendo de tédio. Já estamos aqui há 5 dias e não temos nada! Nenhum documento, foto, matéria de jornal, nada que nos ajude. Essa missão tá naufragando e tá levando minha carreira junto!!
Ela o beijou na testa.


-Eu também acho que não estamos indo bem, mas...


-Isso é eufemismo, estamos mais afundados que o Titanic!


-Mas o que mais podemos fazer? Não dá pra invadir aquele lugar, estamos seguindo as ordens do Quim. Enquanto não tivermos uma brecha, só podemos esperar. Também não gosto disso, mas estamos de mãos atadas.


-Alguma sugestão pra me tirar do buraco de tédio em que me encontro?


-Feche os olhos.


-O que vai fazer? – perguntou Draco desconfiado. Ainda assim, fez o que ela pediu.


A ruiva aproveitou que ele estava com a cabeça apoiada no encosto do sofá e o beijou, no melhor estilo Mary-Jane/Homem-Aranha (N/a: essa cena do beijo de cabeça pra baixo já virou um clássico, né?). após alguns minutos, Draco a segurou pelos braços e a puxou. Gina arregalou os olhos de susto ao cair no colo dele. Deu-lhe um soquinho no braço.


-Seu doido!


-Você que começou – respondeu o louro, inclinando-se para beijá-la, mas a moça o deteve, pousando a mão em seus lábios.


-Então vamos terminar, mas não aqui. – ela o empurrou, levantou do sofá e caminhou para o quarto. Ele a seguiu, mas uma batida na porta o fez parar.


-Correio! Telegrama para o senhor Malfoy!


-Passa por baixo da porta! – ordenou Draco, ansioso por se livrar do mensageiro e juntar-se à Gina. Ao ver que o funcionário do hotel o obedecera, ele seguiu para o quarto sem dar importância para o envelope.


-Quem era? – perguntou Gina.


-Correio – ele a abraçou e beijou seu pescoço.


-E o que dizia a carta?


-Não sei, não li.


-E não quer saber?


-Nesse momento – ele frisou o “nesse” – isso não me interessa nem um pouco.


Beijaram-se novamente, esquecendo-se por ora do telegrama. Não sabiam que este continha aquela que poderia ser a primeira pista para a resolução daquele caso.


#Palácio do Sol, 11hs#

-Três anos não é muito tempo pra se realizar uma tarefa tão simples? – perguntou Miho.


-Eu tinha que ser discreto.


-Ainda assim, é tempo demais.


-Eu não fiz falta aqui fora, fiz? Então porque estão pegando no meu pé? Missão cumprida, não há mais nada com o que nos preocuparmos!


-Ok, acalme-se, não é pra tanto. – disse Li.


Estavam no escritório Li, Miho, Cho e Hannibal King, cujo nome real, Daniel Darcy, ele se recusava a usar desde que se “rebatizara”. Era o último membro do finado Tentáculo, junto com Miho.


-Ninguém suspeitou que fosse integrante do grupo?


King ergueu o braço esquerdo que terminava pouco antes do punho.


-Depois de decepar minha mão, dizer que foi a Hiragi e que ela me deixou pra trás, pra morrer? – ele riu – Foi o suficiente pra que todos acreditassem que eu estava de fora. Isso e o fato de eu não contar nada quando me torturaram. Depois foi fácil. Com certeza me mandariam pro Ed IV, os piores sempre vão pra lá. Aliás, mudando de assunto um pouco, alguém me prometeu uma mão, não é não?


Rindo ante à displicência do comentário, Cho ergueu a varinha e murmurou um feitiço. No mesmo instante, uma mão prateada surgiu no braço de King. 


-Legal.


-Que bom que gostou. – respondeu a chinesa, irônica. – Você envenenou os últimos membros do Tentáculo, né? Como conseguiu o veneno?


-Não se preocupe. Se está pensando que eu subornei algum guarda, pode mudar de idéia. – King deu um sorrisinho. Parecia ansioso para contar – Sabem, é muito importante continuar aprendendo. E Edward IV tem uma biblioteca fantástica... Minha sessão favorita era química.


-E o que isso tem a ver?


-Sabiam que compostos inofensivos podem mudar sua configuração química e tornarem-se potencialmente letais apenas se expostos a ligeiro aumento de temperatura? E a comida do Ed IV é sempre quentinha...


-O que usou?


-A liga metálica que compunha as barras das celas tinha um componente que se torna instável quando aquecido. Só precisei raspar a barra, recolher o metal e por na comida dele. Em 10 minutos, o cara tava morto. Foi o tempo do metal ser absorvido no intestino e ser levado até o coração. De lá, pegou uma artéria até o cérebro. Aí, tchau né?


-O mais importante é: vocês saíram discretamente? – perguntou Cho.


-Não! – respondeu Miho – essa besta descarregou um pente na parede e atraiu os guardas.


-E daí?! A polícia nem sabe onde estamos.


#Secretaria de Segurança de Londres#

-Foi isso o que aconteceu, Sr. Shacklebolt. Temos razões para crer que foi um ato mágico hostil. O senhor pode designar uma equipe para a investigação necessária?


O Inspetor Wilckis, Secretário de Segurança de Londres, não conversava com Quim e sim com uma pintura do msm que havia em seu gabinete (N/a: lembram de O Enigma do Príncipe? O gabinete do Primeiro Ministro britânico tinha um quadro que servia para anunciar uma visita do ministro bruxo. O esquema aqui é parecido). Não lhe agradava falar com um quadro, mas era o único jeito de comunicar-se com o “outro governo”, como chamava. Na maior parte do tempo, ele tentava ignorar a existência de um mundo mágico. Sentia-se desconfortável sabendo que existia uma outra sociedade com leis e governo próprios escondida, sob os olhos de todos.


-Não se preocupe, Inspetor. Só estava esperando sua aprovação para mandar uma equipe. A magia foi detectada imediatamente mas, como o senhor sabe, seria indecoroso aparecer sem ser anunciado.


-Obrigado. O chefe de polícia está a espera.


#Instituto de Correção Penal Edward IV, cela de Daniel Darcy#


-Com certeza uma chave de portal.


-Será que ainda dá pra rastrear?


-A assinatura tá meio fraca. Vamos ver.


O membro da equipe de Reversão e Rastreamento de Feitiços Indevidos fez um gesto amplo com a varinha. o mesmo brilho azulado surgiu e concentrou-se no ponto onde as algemas estavam, formando um círculo
-Foi daí que partiu. – ele tocou o centro do círculo e disse: - Rastreie.


O círculo se tingiu de verde e transformou-se num globo terrestre. Um ponto vermelho surgiu sobre Pequim.
-É aí que a chave está: China.


-Vou avisar o chefe. – o outro agente pegou um espelho de 2 sentidos e chamou o nome de Quim – Senhor, a chave de portal foi rastreada. Está em Pequim.


-China?! 


-Sim, senhor.


-Obrigado, Quim desliga. 


“Não pode ser só coincidência.”, pensava Quim. “Tenho que avisá-los imediatamente!”


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