Noivos em Fuga 6/6

18:14 Juh 0 Comments

Capitulos: 6
Status: Concluída
Tipo: Romance - 
Pairings/Characters: Draco/Gina; Harry/Pansy
Censura: G - Fanfic Livre 

Cap 6: Noivos em fuga!





Ao chegarem à bela casa, numa bela cidade do interior da Inglaterra, chamada Brown, a cidade das Igrejas, o humor da família Parkinson era no mínimo contrastante. A mãe, Melissa, estava animadíssima, como se aquele fim-de-semana fosse pelo que ela mais esperara na vida. Henry, o pai, estava distante, perdido em seus pensamentos, e Pansy estava muito aborrecida. Sentia a cabeça latejar só de pensar que teria que agüentar todo o falatório dos pais quando contasse que o casamento não ia acontecer nunca.

Ao entrarem na casa, o pai quebrou o silêncio:
-Pans, vá descansar um pouco, filha. Você terá um dia cheio amanhã e...

-Henry! – exclamou Melissa, e o marido se calou.

-Como assim? – a morena encarou os pais, detectando o desconforto de Henry e a dissimulação de Melissa. – O que vai acontecer amanhã?

-Nada, filha. Seu pai deve estar confuso.

Pansy viu o pai fazer um sinal discreto, por trás de Melissa, em direção ao jardim, e depois sair. 

-Está bem, então. De qualquer forma, eu vou subir, tô cansada da viagem. O que você vai fazer agora?

-Vou até uma das igrejas rezar um pouco. Até mais tarde.

A mulher saiu logo em seguida e Pansy entrou na casa, com um sorriso desconfiado. Sua mãe nunca, nunca mesmo, em todos os anos que a conhecia (ou seja, sua vida inteira), jamais fora à igreja numa manhã de sábado! Ainda mais depois de uma viagem cansativa como a que tinham feito! Um calafrio lhe passou pelas costas ao lembrar-se das palavras de Harry: “Tipo um casamento surpresa?”.

-Eles não seriam capazes... – ela correu até o jardim e encontrou o pai sentado num dos bancos, a expressão sombria – O que tá acontecendo? E não minta, por favor.

-Sua mãe, Lucius e Narcisa preparam todo o seu casamento. Vai acontecer amanhã, às 18 e 30, na Igreja de St. Andreas.

-Quê? – ela quase não tinha voz pra fazer esta e todas as milhares de perguntas que lhe surgiam.

-Sua mãe foi à igreja, sim, mas pra conversar com o padre. – ele segurou-lhe as mãos e fez com que se sentasse – Filha, nós não temos mais tempo. Se você não quiser casar com o Draco, tem que me dizer agora!

-Não! Eu não quero casar com ele! Eu tenho que falar com a mamãe, impedir essa loucura.

-Não dá! Ela e Narcisa já convidaram metade da alta-sociedade londrina. Se o casamento não acontecer, sua mãe vai ficar arrasada.

-E eu vou ter que ir obrigada?!

-Não se preocupe, eu dou um jeito. Mais tarde, sua mãe vai contar tudo e você deve agir como se essa fosse a melhor notícia do mundo, entendeu?

-Entendi. E o que você vai fazer, já que não apóia essa insanidade?

Henry deu um ligeiro sorriso.

-Eu vou salvar vocês.

#Ao mesmo tempo, no escritório da imponente residência dos Malfoy#

-Filho, - começou Lucius, retirando um documento de uma gaveta – Eu pensei muito e acho que está na hora de nomeá-lo presidente da empresa.

Ele disse assim mesmo, sem qualquer cerimônia, a seco e sem maionese.

-Eu confio na sua capacidade de comandar plenamente as empresas. – Lucius pegou uma bela pena que estava sobre a mesa do escritório e assinou o documento. Depois passou-o ao filho para que fizesse o mesmo. Draco nem acreditava que finalmente estava se tornando presidente da empresa! Aquilo era bom demais para ser verdade. Chegara a desconfiar de toda aquela aparente bondade, mas não vira nada comprometedor no contrato. E afinal de contas, Lucius era seu pai, deveria lhe dar ao menos o benefício da dúvida.

-Pronto, pai. Pode cumprimentar o novo presidente-executivo. – brincou.

-Amanhã, depois do seu casamento, eu faço isso. – respondeu-lhe o outro, enquanto fechava o pergaminho com uma cera de tom vinho e a marcava o brasão dos Malfoy.

Se Draco não estivesse sentado, cairia.

-Casamento...?

-É. Como está explicado na cláusula escondida. Não conseguiu ler a letrinha miúda? – ele apontava para o fim do contrato, onde havia uma linha muito fina, quase invisível.

-Pôs uma condição absurda dessas no contrato? Pai, isso é muito baixo!

-Isso não tem nenhuma importância agora. Você assinou e não pode voltar atrás.

-E o que acontece se eu não cumprir a cláusula oculta?

-Você deixa de ter direito a tudo que a família possui. Será excluído de todo testamento que venha a citar seu nome. Enfim, perderá todos os seus bens.

-Isso é ilegal!

-Me processe. – ele sorriu – Agora, por favor, me dê licença. Tenho muito o que fazer.

O loiro saiu com os punhos cerrados e correu até o próprio quarto. Precisava de ajuda urgentemente. E numa emergência como aquela só podia contar com uma pessoa.

#Apto. do Blaise#

-Auf!! – (n/a: isso é um latido de cachorro, tá?) Sandaime continuava a lamber o rosto do dono tentando acordá-lo. Como Blaise não acordava, o dogue alemão se pôs a latir. Numa situação como aquela, uma pessoa certamente pensaria “Cara, ele deve estar em coma! Não é possível não acordar com um barulho desses!”, mas o cachorro estava acostumado com o sono pesado do dono. Puxou os cobertores, expondo o corpo de Blaise ao ar frio do quarto climatizado. Essa era uma das poucas coisas que funcionava contra o sono do rapaz.

Alguns minutos depois, ele se encolheu, tentando proteger o corpo (vestido apenas com uma cueca Box) do frio.

-Sandaime, por que você faz essas coisas? É muita maldade!

O enorme cachorro latiu outra vez antes de pegar o celular do dono e colocá-lo sobre a cama. Blaise limpou a baba antes de atender o aparelho.

-Alô?

-Blaise, eu tô ferrado! Você tem que me ajudar!! 

-DraaaaAHHHHHHHHHAAaaaahhhammm humm... – não conseguiu conter um bocejo – Draco, é você?

-Não, é a sua vó! Preciso que você venha pra Brown imediatamente! Meu pai me fez assinar um contrato e eu tenho que casar pra não acabar na sarjeta!!! – gritou o louro.

-Eu não posso viajar. O Sandaime não pode ficar sozinho, não é, garoto? Quem é meu garoto, quem é meu garoto? – ele fazia festa com o cachorro, ignorando o drama do amigo.

-Deixe-o num canil, oras! 

-Num canil?! Nem pensar! Eu conheço um ótimo hotel pra cães, é meio caro, mas acho que dá...

-Eu pago! – disse Draco, interrompendo o amigo – Mas eu preciso de você aqui, já! 

-Não precisa jogar seu dinheiro na minha cara. – Blaise apoiou o celular no ombro enquanto se vestia.

-Em breve, pode nem mais haver dinheiro... É sério, cara, preciso mesmo da sua ajuda. 

-Tá, pára de implorar, já vou pr’aí. – brincou o amigo – Chego em algumas horas. – e desligou. Dirigiu-se ao cachorro – Sandaime, papai tem que salvar o tio Draco, tá bom? Vou ter que te deixar num hotel bem legal! Promete que vai ser bonzinho? – o dogue alemão latiu e abanou o rápido – Esse é o meu garoto!

#Duas horas depois, Hotel Apostolic – o único de Brown#

-Puxa, seu pai acabou com você!

-Eu já li esse contrato umas mil vezes! Simplesmente não tem jeito de escapar, ou eu caso, ou vou pra sarjeta.

-Sua mãe não permitiria isso. Você só ia ter que procurar outro emprego.

-Que humilhação! – Draco exclamou, o sangue Malfoy falando mais alto.

-Olha, pelo que você me contou, não está escrito em parte alguma com quem você tem que casar. E eu tenho certeza que a excelentíssima senhora Malfoy não gostaria que você se unisse a qualquer mulher.

-Onde quer chegar?

-Temos que arranjar uma garota que sua mãe desaprove totalmente! – Blaise começava a se empolgar com a idéia que estava tendo.

-Porque minha mãe?

-O seu pai não ia ligar nem um pouco se você casasse com alguma maluca cheia de gatos. Mas a sua mãe jamais permitiria que o bebezinho dela – Blaise apertou as bochechas do amigo apenas pra irritá-lo – ficasse com qualquer uma.

-E como isso ia me ajudar?

-Você tá lento hoje, não? Olha só, gênio, o contrato do seu pai tá controlando sua vida, mas sua mãe controla seu pai e você pode manipulá-la de algum jeito.

-Pára de enrolar e fala logo o seu plano, droga! – disse o louro, irritado.

-Seu burro, não entendeu ainda? – respondeu Blaise, no mesmo tom – Você tem que casar com a garota errada! Tem que ser alguém independente, que nunca abaixe a cabeça pros seus pais, que os desafie. 

-E onde eu vou arranjar uma mulher assim até amanhã?

-Em Londres, oras. Não é óbvio?

-Como assim, eu vou parar no meio de uma praça e berrar “Ei, alguma garota petulante aí quer casar comigo?”?!

Blaise fez cara de quem não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

-Você tomou vodka em vez de leite no café da manhã? Eu estou falando da Gina, seu burro! Ela é a síntese da garota ideal pra desafiar Lucius e Narcisa! É com ela que você tem que se casar!

-Como eu vou falar com a Gina? Eu tô preso aqui!

-Escreve uma carta e eu entrego.

-Você também não pode sair. Meu pai descobriu que você vinha e mandou uns caras ficarem de olho pela cidade.

-Lucius Malfoy é meio gângster, né? – em resposta, o loiro apenas deu de ombros – Não tem problema, eu conheço alguém que pode ajudar. Deixa comigo.


#Bilhete de Blaise para a tal pessoa que pode ajudar#

“Olha, isso é meio urgente. Sei que você deve estar pensando num jeito de evitar o pior, mas eu pensei numa coisa que vai resolver os problemas dos dois, Draco e Pansy.
Preciso que vá a Londres e procure Ginevra Weasley. Traga-a aqui para que ela entre na igreja no lugar da Pans. Tem que fazer isso discretamente, não deixe ninguém perceber. 
Eu anexei ao bilhete a carta que o Draco escreveu para Gina. Ela vai entender tudo quando ler.
Abraços, Blaise
PS: o endereço dela está na carta”

-Droga, preciso me livrar da Melissa pra levar isso à Londres, mas ela não me dá uma folga.

-Henry, onde você está?

-Falando nela... – o homem escondeu a carta e o bilhete rapidamente antes que a esposa se aproximasse. 

-Eu preciso de ajuda, querido. Não tente se esconder do trabalho.

-Só estava descansando um pouco. – reclamou.

-Descanse amanhã, na igreja. Depois que entregar sua filha à Draco Malfoy.

“A igreja!”, pensou Henry, empolgado. “Melissa só vai me deixar em paz quando pensar que tudo já está bem encaminhado. É isso, eu tenho que esperar até amanhã e fugir até Londres!”.

N/a: A ação a seguir é simultânea em todos os cenários.

#Dia seguinte, Igreja de St. Andreas#

A morena andava de um lado para outro na sacristia, nervosíssima. Segurava a barra do vestido para não sujá-la enquanto dava voltas, esperando que um milagre acontecesse. Seu pai lhe dissera, muito apressadamente, que tinha falado com Blaise (“O que diabos o Blaise tem a ver com isso?!”, ela pensara) e que existia um plano para evitar o pior, mas para que funcionasse, Henry tinha que buscar alguém e levar até a igreja.

Já faziam mais de vinte minutos que ele saíra – às escondidas de Melissa, obviamente – e não dera nenhuma notícia. O casamento devia ter começado às 18 e 30 e já eram 18 e 50, mas, decerto os convidados deviam estar achando normal, afinal o atraso da noiva fazia parte da tradição do casamento. O que a morena não sabia era que o noivo também não estava no altar.

#Apto. da Gina#

-Mas, Sr. Parkinson, o que está dizendo?

-Conversei com o Draco, Srta. Weasley, e ele confessou que não ama minha filha. E eu tenho o dever de protegê-la.

-Não entendo onde quer chegar.

-Leia isso, por favor. Vai esclarecer muitas coisas. – ele entregou a ruiva um envelope que tirou do bolso interno do paletó. 

Gina reconheceu a letra de Draco no envelope e na carta dentro dele. Não era muito longa, mas o tom era claramente tenso. 

“Gina,
Meu pai me enganou para me fazer casar. Só tem um jeito de escapar do contrato que assinei e é me casar com você. Precisa vir a Brown!
O plano é simples: você vai usar um vestido igual ao da Pansy e vai subir ao altar comigo. Quando meus pais descobrirem que é você, vão me desobrigar do casamento pra impedir que eu fique com você. Sei que pareço insensível, mas quero ter o direito de ter um casamento normal com a mulher que escolhi – você – mas isso não vai acontecer enquanto eu estiver preso ao contrato que assinei.
Espero que entenda a gravidade da situação e que me salve desse problema.
Te amo,
Draco.”

A ruiva leu tudo muito rápido, assimilando todas as informações relevantes: Draco ia se casar, precisava dela pra sair daquela situação e pedia que ela fosse a Brown ajudá-lo. Bem simples.

-Draco não tinha como enviar esta carta, por isso, um amigo dele me entregou para que eu o fizesse. – a ruiva percebeu o nervosismo do homem – Srta. Weasley, minha filha vai subir ao altar pra se casar em alguns minutos. Eu sei que pedir isso é loucura, mas você tem que vir comigo até Brown para impedir o casamento.

-E como chegaremos lá tão rápido?

Henry Parkinson abriu um largo sorriso e segurou as mãos da moça.

-Eu tenho um carro bem especial...


#Uma sala qualquer da igreja#

-E aí? Vai entrar ou não?

-Não posso entrar, minhas pernas estão travadas.

-Daqui a pouco seu pai aparece aqui e te arrasta pro altar. É melhor ir por conta própria e manter um mínimo de dignidade.

-Eu não tô nem aí pra dignidade, Blaise! Tô desesperado! Se meu pai, de algum jeito, leu aquela carta, tenho até medo do que pode fazer.

-Calma, filho. Seu pai pode ser um velho tétrico, mas não é um assassino. Ele não vai fazer mal à Gina. Além do mais, - Blaise sentou numa cadeira e juntou as mãos atrás da cabeça, apoiando-se, displicente – eu entreguei a carta ao Henry e ele foi buscar a Gina.

O louro abriu e fechou a boca algumas vezes. O bastante para o amigo pegar o celular do bolso e bater uma foto da cara abobada de Draco. 

-Olha, ficou ótima! Vou mandar emoldurar e dar pra sua namorada.

A palavra ‘namorada’ pareceu sacudir o loiro. 

-Você entregou uma carta na qual eu peço pra outra garota casar comigo pro pai da minha noiva?? Você bebeu?!

-Só um pouquinho... – a cara inconformada de Draco sinalizou à Blaise que ele estava indo longe demais – Tudo bem, parei. Não se preocupe, cara. Henry veio conversar comigo há uns dias. Disse que achava que a filha não estava satisfeita com o noivado e pediu que eu a ajudasse, conversasse com ela, essas coisas. Eu percebi que ele queria vê-la feliz acima de qualquer coisa e contei tudo. Aí, ontem eu pensei que a única chance que teríamos era se ele ajudasse. Então, eu peguei a carta, entreguei à ele e pedi que trouxesse a Gina.

-E ele vai fazer isso?

-Você viu o homem por aqui? Ele escapou da Melissa pra ir à Londres! 

Draco abriu um largo sorriso e pôs as duas mãos na cabeça. 

-Então existe uma esperança?

-Existe, mas você tem que cumprir o seu papel até o final. Ninguém pode desconfiar que isso está acontecendo. 

-Ok. Eu vou me comportar como se estivesse indo pra forca.

-Esse é o espírito!

#Saguão do prédio da Gina#

Harry entrava calmamente no prédio de Gina, o pensamento e a atenção bem longe dali, quando levou um susto ao ver quem saía do elevador. Seu pretenso sogro, Henry Parkinson conversava com Gina.

“O que ele tá fazendo aqui? E com ela...? Humm, tem alguma coisa errada. Ele deve ter descoberto que eu e a filha dele estamos juntos! E que ela largou o Malfoy... E agora, quer se vingar na Gina!”
Caminhou até os dois e se dirigiu à ruiva:
-Gina, tá tudo bem?

-Mais ou menos. – ela respondeu sem parar de caminhar – Draco tá se casando com a Pansy e eu tenho que impedir! 

-Hã?!

-Agora não dá pra explicar!

-Mas onde eles estão? – ele perguntou, já gritando, pois a moça estava quase fora do prédio.

-Em Brown!

Dito isso, ela sumiu porta afora. Um barulho de motor de carro anunciou sua partida, enquanto Harry se deixou ficar parado no saguão, absorvendo as palavras de Gina aos poucos.

-Ela tá casando com aquele aguado...? Por quê? – sua expressão devia estar mesmo muito confusa, praticamente a de uma pessoa que cai de pára-quedas no meio de um lugar que não conhece. Uma senhora que ia passando chegou a lhe perguntar se estava perdido, ao que ele respondeu que sim. A mulher, muito solícita, se ofereceu para ajudá-lo a pegar um táxi ou um ônibus até o seu destino, mas ele a corrigiu:
-Não, senhora, eu estou perdido num dilema, não aqui na cidade. – explicou, emendando, logo a seguir - A minha namorada está se casando com outro! O que eu faço??

-O quê?
-É, eu acabei de saber que ela está em Brown e vai se casar! E não vai ser comigo! O que a senhora faria?

-Eu não sei... Impediria o casamento, eu acho. – respondeu a idosa, um tanto hesitante.

-Impediria...? – o rapaz sorriu e deu um tapa na própria testa – É claro! Muito obrigado, senhora! – ele beijou as bochechas da mulher, que ficou surpresa e se dirigiu à saída. Voltou-se de repente: - A propósito, a senhora mora aqui?

-Sim.

-Qual seu nome?

-Martha Pearce.

-Eu vou convidá-la para o meu casamento, Sra. Pearce! Muito obrigada! – e correu para fora do prédio, deixando a idosa parada no meio do saguão, sorrindo e dizendo coisas como “Ah, a juventude...”.


#Sacristia#

Uma batida na porta sobressaltou a noiva. “Ai, agora danou-se!”, pensou, enquanto ouvia a voz da mãe, perguntando-lhe se estava pronta. 

-Estou quase! – viu uma chave no trinco da porta, e, sem pensar no que estava fazendo, virou-a. Uma fração de segundo depois, Melissa tentou abrir a porta e, logicamente, não conseguiu. 

-Querida, tem alguma coisa prendendo a porta?

-Não, mãe. Deve estar emperrada! – inventou, maldizendo-se por uma mentira tão descarada.

-Tente virar a chave no trinco!

-Não tem nenhuma chave aqui! – ela puxou o objeto devagar, para não fazer barulho e o atirou por entre as grades da janela. – Deve ter se trancado sozinha.

-Ora, mas que complicação! E a Igreja é toda protegida contra magia, não dá pra abrir a porta sem a chave.

-Ah, é mesmo? – “Então é por isso que eu não consigo aparatar daqui? Mas que saco!”.

-Não se preocupe. Vou trazer alguém pra botar a porta abaixo!

-Não!

-Por que não?

-A igreja é histórica, mãe! Se destruí-la, você acaba na cadeia! Deve ter outra chave por aí... – rezou a todos os deuses e grandes nomes da magia para que não houvesse outra chave!

-Oh, está bem! Vou perguntar. Mas fique calma, logo vou tirá-la daí. Seu noivo já vai subir ao altar.
Melissa se afastou, era perceptível pelo som de seus passos que ia apressada. 

-Agora danou-se mesmo!! E como assim, o Draco vai subir no altar?! Ele bebeu? – a morena sentou numa cadeira, o volumoso vestido afogando-a um pouco. – E por que essa droga tem que ter tanto pano?! Quando eu me casar de verdade, vou usar um biquíni e tá muito bom!

-Seria um choque pra todos, com certeza.

-Pai? – ela levantou e abraçou o homem que acabara de chegar – Como entrou aqui?

-A magia do Jipe. – disse ele, como se isso explicasse tudo.

-Mamãe disse que a igreja é toda protegida contra magia.

-Pelo dinheiro que eu botei naquele carro, ele tem que me deixar dentro até de um cofre do Gringotes! 

Só então, Pansy reparou na outra pessoa que estava ali.
-Gina? O que você tá fazendo aqui?

A ruiva não respondeu, estava respirando fundo, bem devagar. Seu rosto estava meio esverdeado.
-Deve ser enjôo do Jipe. – explicou Henry, tirando uma bala do bolso – Toma, vai te deixar 100% rapidinho.

Gina pensou que nada pararia em seu estômago, muito menos um doce, mas ainda assim, desembrulhou-o e comeu. Mal sentiu a balinha passar pela garganta e já estava boa!

-Nossa, isso é bom! Do que é feito?

-Acredite, você não vai querer saber. – respondeu a morena – Mas o que veio fazer aqui? Impedir o casamento?

-É. Só que não faço idéia de como.

-Eu faço. – responde Henry – É muito simples. Gina entra na igreja como se fosse você, filha, e quando Lucius a vir, vai invalidar o contrato. Bem fácil.

-Tá, pai, meu véu cobre o rosto, mas não o cabelo. Ela vai ter que usar uma peruca?

-Claro que não! – ele tirou um frasco do bolso interno do paletó e o virou todo o conteúdo na cabeça de Gina. Na mesma hora, ela ficou morena. – Problema resolvido.

A ruiva (ex-ruiva, na verdade) tocou em seus cachos, estranhando profundamente a cor.

-Eles voltam ao normal, relaxa. – disse Pansy.

-Agora, eu tenho que sair pra que vocês possam trocar de roupa. – ele virou a maçaneta, mas não conseguiu abrir a porta – Cadê a chave, filha?

-Mamãe foi procurar uma cópia.

-E a que estava aqui, onde está?

-No jardim. – ela apontou para a janela.

-Jogou a chave fora?!

-Eu tava desesperada, tá legal? Me dá um desconto!

-Ué, gente, é só usar a saída auxiliar. – disse Gina, tocando na parede dos fundos da lareira. Achou um tijolo solto e o apertou, fazendo a parede deslizar para o lado – Viram? Construções históricas como essas sempre têm essas passagens.


#Sala onde Draco e Blaise estão#

-Que isso? A parede tá se mexendo! Essa igreja é assombrada! – disse Blaise, de olhos arregalados, apontando para a lareira. Draco, que estava ocupado batendo a cabeça na porta, nem lhe deu atenção.

-Assombrado sou eu, tendo que te ouvir falando tanta besteira...

-É sério, cara! Olha lá! Aposto que vai sair uma garota com um cabelo preto enorme, cobrindo a cara e ela vai vir matar a gente! Vão nos encontrar com a cara toda torta de pavor!!

-Blaise, pelo amor de Deus... Qual o seu problema...? – ele finalmente olhou para a lareira. A parede estava aberta e uma pessoa de enormes cabelos pretos, que cobriam o rosto, realmente estava passando, o corpo meio abaixado, a mão estendida...
Os dois se abraçaram e:
-AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (N/a: Imaginem isso, visualizem bem essa cena!!)

-Ai, qual é o problema de vocês? – perguntou Gina, já fora da lareira. Cobriu os ouvidos com as mãos, sem entender porque Draco e Blaise estavam berrando, apavorados, abraçados e de olhos fechados.

Os dois abriram os olhos e viram que a assombração era só a Gina, que estava com cabelos pretos, sabia lá Deus por que. Henry se adiantou até a porta e checou se o caminho estava livre.

-Olha, eu sei que casamento assusta, mas também não é pra tanto. – brincou o pai da noiva, do lado de fora.

-Tá legal, eu agradeceria muito se ninguém aqui comentasse a respeito dessa cena. – disse Blaise, soltando Draco.

-Ah, esquece! Vamos logo com isso. – falou a morena (a oficial), fazendo sinal para que todos saíssem – Temos que nos preparar, estamos ficando sem tempo.

Os rapazes saíram – não sem antes Draco perguntar à Gina o que acontecera com seu cabelo – e as moças puderam se trocar. Felizmente Pansy usaria o cabelo solto, ou seria bem difícil conseguir um bom penteado para Gina sem o tempo adequado.

Demorou apenas 15 minutos antes que Henry batesse à porta, perguntando se a filha estava pronta. Ouviram a voz de Melissa, querendo saber como ela tinha mudado de sala. Antes que o marido pudesse responder, ela o indagou sobre onde ele estivera.

-Não é hora pra isso, Melissa. Vá dizer aos músicos para começarem a tocar, que eu já vou entrar com a Pansy!

-Está bem, sem mais demoras, por favor.

A mulher se retirou e as duas moças respiraram aliviadas. Pansy baixou o véu sobre o rosto de Gina e, num gesto inesperado, a abraçou.

-Obrigada por tudo! – após alguns segundos, ela se afastou – Agora é melhor você ir.

A (ex-) ruiva saiu da sala e deu o braço a Henry. Dirigiram-se à entrada da nave. A marcha nupcial começou e as portas se abriram. Todos os convidados se levantaram. “Tá na hora!”, pensaram Draco, Blaise, Gina, Lucius, Narcisa, Melissa, Henry e Pansy, todos ao mesmo tempo, mas por razões diferentes.


#Hotel Apostolic – o único da cidade#

Harry chegou ao balcão de informações do hotel derrapando. Correra do estacionamento até ali e os sapatos não ajudaram a frear.

-Por favor, preciso saber onde fica a igreja da cidade.

-Qual delas? – perguntou o funcionário, com uma voz entediada, mais ocupado em continuar lendo seu jornal.

-Tem mais de uma?!

-Brown tem 16 igrejas. – ele remexeu nuns folhetos e lhe entregou um, cujo título era: ‘Roteiro Religioso de Brown’.

-Tá, mas se você fosse se casar, qual escolheria?

-Sant’Anna, talvez. Mas St. Peter também é belíssima. Claro, hipoteticamente falando. Eu nunca teria grana para bancar um casamento desses.

-E se você tivesse dinheiro?

-Tá brincando, né? Pra se casar aqui, você tem que ter dinheiro, todas as igrejas são relíquias históricas.

-Mas deve haver uma mais especial que as outras.

O funcionário do hotel bufou e fechou o jornal. Apoiou a mão no queixo e encarou Harry.

-Escuta, rapaz. A cidade inteira era propriedade do Duque de Windsor. Ele mandou construir aqui as igrejas mais bonitas de toda Bretanha. Assim, os nobres ingleses não precisariam ir à Notredame para ter um casamento grandioso. 

-Mas, especificamente hoje, tem algum casamento acontecendo em alguma igreja?

-Mas é claro que tem! Olha aí no folheto! – ele voltou a abrir o jornal e disfarçou um bocejo.

Harry cerrou os punhos para controlar a vontade de esganar o homem. Checou o folheto e ficou profundamente frustrado ao ver a data mais importante do Roteiro: 2 de julho, aniversário de fundação da cidade.

-Isso quer dizer que as igrejas estão todas ocupadas hoje?

-Você não vai ler o folheto, né? Mas que saco... – ele fechou o jornal novamente – Olha só, a cidade ficou pronta pra ser habitada muito antes da inauguração, mas a data oficial remete ao Dia dos Mil Repiques, 2 de julho de 1862, quando as igrejas badalaram seus sinos todas juntas. Nesse dia, houve 16 casamentos, inclusive o do próprio Duque, inaugurando a tradição de casamentos começando e terminando na mesma hora por toda a cidade. Dessa forma, os sinos podem tocar todos juntos, como no dia da inauguração. Entendeu ou eu vou ter que fazer um desenho?

-Você é muito mal-educado pra um funcionário de hotel, sabia?

-E daí, você não vai se hospedar aqui mesmo... Aliás, antes que pergunte, - ele apanhou novamente o jornal – os casamentos terminam por volta das 20 horas.

Harry consultou o relógio: 19 e 12. Tinha menos de cinqüenta minutos para achar a igreja certa e impedir Pansy de se tornar a nova Senhora Malfoy. Despediu-se do funcionário – que mal lhe deu atenção – e correu até o carro. De acordo com o folheto, a primeira igreja, St. Marie, não ficava muito longe. Acelerou o máximo que pôde pelas estradas vazias, sem ter a mínima idéia de como pararia o casamento.


#St. Andreas#

Pansy estava escondida atrás de uma coluna, observando Gina avançar pela nave de braço dado com seu pai. Cruzou os dedos para que tudo desse certo. A (ex-) ruiva chegou ao altar. Henry beijou seu rosto – ainda oculto pelo véu – e a ‘entregou’ a Draco. O louro ergueu as mãos para levantar o véu da noiva, a respiração suspensa. “É agora!”, pensou, enquanto expunha o rosto de Gina.

Tradicionalmente, os músicos pararam de tocar bem nessa hora, e um grande “OH!” foi ouvido na igreja, mas o padre pareceu não se importar. 

-Irmãos, estamos reunidos para celebrar a união deste jovem casal...

-DRACO!! – gritou Narcisa, irada.

-Isso mesmo. – continuou o padre, como se nem tivesse notado a interrupção – E...

-HENRY!! – exclamou Melissa, encarando o marido, furiosa.

-Na verdade, o nome que está aqui é Pansy. Esse é o seu nome, minha jovem?

-Não, me chamo Ginevra.

-Pansy Ginevra?

-Não.

-Ginevra Pansy?

-Ginevra Molly Weasley.

O padre respirou fundo e abanou a mão na frente do rosto, como se espantasse uma mosca invisível.

-Tanto faz, hoje é o Dia dos Mil Repiques, um casamento vai ter que se realizar aqui hoje. É uma tradição que não pode ser descumprida. Não me interessa quem vai casar, contanto que alguém CASE!

-Não senhor! Meu filho não vai se casar com uma Weasley!

-Algum problema com Weasleys, sra. Malfoy? – perguntou Gina, insolente.

-O que você está fazendo nesse altar? Onde está minha filha? – disse Melissa.

-PANSY, VOCÊ NÃO PODE CASAR COM ELE!

Todos olharam para a porta. Lá estava Harry com o rosto meio arranhado e as roupas empoeiradas.

-Harry?

-Gina...?

-Mãe...

-Lucius!

-Cissy, eu não fazia...

-Pansy, APAREÇA! – berrou Melissa.

-Acalme-se, querida.

-Henry, nosso assunto vai ser resolvido depois!

-Harry! – falou a moça, saindo do seu esconderijo.

-Pansy... – disse o moreno, caminhando na direção dela.

-Parado aí, rapaz! Não se aproxime da minha filha! – Melissa se levantou e foi em direção aos dois.
“Saco, vou apanhar de novo...”, pensou o moreno, vendo a cara furiosa da ‘sogra’.

-Olha, mãe...

-Silêncio. Você tem 20 minutos pra se vestir e subir naquele altar. E é bom não tentar me enganar novamente, entendeu? – a jovem engoliu em seco – Agora, vá. Tire aquela impostora do altar e pegue seu vestido de volta.

-Não, mãe. Eu não vou me casar!

-Como ousa me desafiar? Perdeu o juízo?

-Muito pelo contrário, já devia ter te enfrentado há tempos.

-Estou me cansando da sua insolência. 

-Se tem alguém nessa igreja que queira se casar no meu lugar, fique à vontade! – disse a morena, em voz alta.

O burburinho aumentou ainda mais. Melissa não conseguia responder à declaração da filha. Vendo a falta de reação da amiga, Narcisa se dirigiu ao filho.

-Desça desse altar, por favor.

-Se eu fizer isso, acabo na rua, mãe!

-Não, filhinho, você pode continuar morando na mansão...

-Não vou viver de favores. Eu tenho que me casar hoje, ou não herdo a empresa. Não fui eu quem impôs essa condição. E eu tenho que respeitar o desejo da Pansy, ela não quer casar, não posso forçá-la.

Narcisa abriu um largo sorriso.

-É só por isso que essa desqualificada está no altar?

-Olha lá... – disse Gina, entre os dentes.

-Ótimo, então tenho a solução. Lucius, invalide o contrato! – exclamou a loira, empolgada.

-Eu não vou fazer isso!

-AGORA! Por favor, querido. – emendou, ao ver a cara de pavor do marido. – Impeça seu filho, nosso filho, de fazer uma besteira. Não pode apagá-lo da nossa família.

-Ele não vai me manipular, Narcisa.

A mulher se aproximou do marido e cochichou em seu ouvido.

-Lucius, se você excluir o meu bebê da família, eu excluo você de casa. Entendeu, amor? – ela lhe dirigiu um olhar doce.

-Não me chantageie, mulher.

-Não me dê motivos, homem! Agora pegue essa droga de contrato e o destrua! – ela apanhou o documento do bolso interno do paletó do marido e o rasgou – Pronto, querido! Está livre. Pode sair de perto dessa aí!

Gina tinha se desligado da conversa, tentando evitar aborrecimento maior. Reparou que os cabelos estavam voltando ao normal e retirou o véu. Sacudiu levemente a cabeça, apenas por costume, balançando os longos fios que hipnotizavam o namorado.

-Saia logo daí, Draco. Não tem mais razão pra ficar ao lado dela! – disse Lucius.

-Está errado, pai. Tem mais uma coisa que você precisa saber. – começou o louro.

-Se prepara pra correr. – disse Pansy, em voz baixa, para que só Harry pudesse ouvi-la – Ele vai contar da Gina.

-E isso é ruim?

-Fica olhando...

-O que foi, querido? – perguntou Narcisa.

-Estou apaixonado pela Gina.

O sorriso plástico de Narcisa se desfez imediatamente após essa declaração e ela se levantou, ameaçadora.

-E eu vou me casar com ela! – continuou o louro. Gina arregalou os olhos. Narcisa desmaiou – Mas não hoje.

-Claro que não! – disse a ruiva.

O silêncio mortal que se seguiu às palavras de Draco foi quebrado por Melissa, que pôs as mãos nos quadris (numa pose que lembrou muito à Gina sua própria mãe).

-E você? Vai me fazer desmaiar também?

-Mãe, acho que a notícia não vai ser tão chocante agora, mas a verdade é que eu amo o Harry. – a mulher revirou os olhos – Viu, não foi tão ruim!

-Não faça graça! – ela estreitou os olhos para Harry, analisando-o por inteiro, dos cabelos despenteados até os sapatos sujos de poeira, passando pela roupa, toda amarrotada e manchada de terra – O que aconteceu com você, rapaz? Rolou de um barranco? – ela estendeu uma das mãos e retirou uma pétala de seus cabelos.

-É que eu invadi 10 casamentos antes de achar o certo. – ele deu um sorriso amarelo – Isso daí deve ser da 6ª igreja, a noiva tinha um buquê dessa cor.

Risadas abafadas percorreram o recinto. Pansy fez uma cara de quem não queria acreditar no óbvio.

-Você apanhou de uma noiva? – perguntou a jovem.

-E de alguns noivos, alguns pais, mães e acho que até tios. Eu fiquei assim – ele indicou as roupas – no oitavo. Me atiraram da igreja e eu rolei a escadaria. – concluiu o moreno, coçando a cabeça.
Aquilo tinha sido demais. Até os convidados mais contidos gargalharam ante essa declaração.

-E esse é o homem que você escolheu.

-É, mãe. Pior que é. – Pansy beijou o namorado rapidamente, ao mesmo tempo em que Draco e Gina finalmente saíam do altar. Os dois casais se aproximaram da saída, mas pararam ao ouvir o “chamado” do padre.

-PARADOS!! NINGUÉM SAI DESSA IGREJA SEM SE CASAR!

-Você não entendeu que não vai ter casamento, cara? – disse Blaise – Desencana.

-Mas nós estamos em Brown, a cidade das igrejas! E hoje é Dia dos Mil Repiques, alguém tem que casar e passar por aquela porta exatamente às 20 horas. E aí, os sinos tocam, todos juntos... É uma festa linda e vocês estão estragando! Estão rompendo uma tradição que já tem mais de um século! – ele apontou um dedo acusadoramente para os dois casais.

Os quatro se sentiram meio culpados. Pessoas procuravam aquela cidade todos os anos para se casarem naquele dia! Eles tiveram o privilégio, mas o estavam deixando de lado.

-Mas eles não podem casar só pra manter a tradição. – disse Blaise. Ele se aproximou do padre e passou um braço por seus ombros – Escuta só. E se a gente fingisse que alguém casou só pra tocar o sino? 

-Está sugerindo a um padre que minta, rapaz? 

-Não seria uma mentira, – ele enfatizou a palavra – só uma mentirinha.

-Sacrilégio! Venha conversar comigo depois dessa confusão, rapaz. Vou lhe dar uma penitência. – o padre lhe dirigia um olhar de desagrado.

-Espere! – gritou Pansy – Mãe, seu aniversário de casamento tá chegando!

-E daí?

-Você e papai podem renovar os votos! Um “re-casamento” é mais que um casamento, não?

-Renovar os votos? Mas eu não preparei nada, nenhum cerimonial, uma festa... Nem mesmo os próprios votos estão escritos!

-Querida, - disse Henry, se aproximando e tomando as mãos da esposa – já está tudo pronto. E os votos são apenas palavras de nossos corações.

-O cara é bom. Eu vou usar essa. – disse Blaise, empolgado, ainda “abraçando” o padre, que preferiu ignorá-lo.

-Por favor, mãe. Você está linda, mais do que eu estaria. Deixe este dia ser especial pra você!
Os apelos dos convidados convenceram Melissa. Em minutos, ela caminhava até o altar de braço dado com o pai (um senhor idoso que dormira durante toda a confusão). Henry a recebeu e eles renovaram os votos. Todos pareceram muito satisfeitos com o final daquela história louca, até mesmo Narcisa, que finalmente se controlara.

Exatamente às 20 horas, os dois passaram pelas portas da igreja de St. Andreas, assim como outros 15 casais por toda a cidade. A tradição fora mantida, para alívio do padre. Aliás, falando nele...

-Onde pensa que vai, rapaz? – disse o homem, segurando Blaise pela orelha.

-Pra festa, oras! Ai, tá doendo!

-O único lugar pra onde você vai agora é o confessionário. Algo me diz que você tem muito o que confessar...

E a cena era a seguinte: um padre puxando um homem feito – que esperneava como criança – em direção ao confessionário, enquanto o resto dos convidados saía da igreja em direção ao salão da festa. Dois casais se despediam de todos, visivelmente com a intenção de ficar pra trás. Quando todos tinham saído, puderam respirar aliviados.

-Até que não foi tão ruim, no fim das contas.

-É. Achei que ia sair daqui pobre e morto, por causa do meu pai...

-Alguém viu o Blaise?

O amigo se aproximava, profundamente aborrecido.

-Quero uma carona pra casa, num tô em clima de festa.

-O que houve?

-Nada, só quero meditar um pouco. Tenho que achar um sentido pra minha vida, sair dessa busca fútil por prazeres mundanos e fugazes. 

Os outros quatro ficaram boquiabertos. Nunca tinham ouvido tais palavras da boca de Blaise Zabini, provavelmente o maior playboy de Londres.

-Isso mesmo, filho. Os prazeres fazem parte da vida, mas não são a coisa mais importante.

-Valeu, padre. – eles se cumprimentaram com um soquinho na mão um do outro – Vamo’ sair qualquer dia desses, ver um futebol, tomar um café... Vai ser legal.

-Claro, filho. Agora, é melhor vocês irem, que eu preciso fechar a igreja. E se algum dia quiserem se casar realmente, voltem a St. Andreas.

Os cinco se despediram e entraram no Jipe amarelo que pertencia a Henry. Pansy deu a partida e o motor roncou alto pelas ruas festivas da cidade.

-Espero que seus casamentos sejam mais tranqüilos que esse, filhos. Que Deus os abençoe. – disse o padre, com um sorriso meio cansado, mas feliz, fechando as portas da igreja.


-FIM-



PS: Não se preocupem. A bondosa Sra. Pearce foi convidada pro casamento do Harry. E levou toda a família!


-FIM mesmo!!-


Capítulo anterior • Próximo capítulo →

You Might Also Like

0 comentários: